A saúde psíquica de quem faz saúde: uma análise crítica sobre a humanização direcionada ao profissional de saúde

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Observa-se que pressão, tensão e sobrecarga de trabalho são uma constante na rotina dos profissionais de saúde. O trabalho vinculado ao setor de enfermaria exige atenção e vigilância. Neste sentido, torna-se pertinente um olhar específico à humanização direcionada ao profissional de saúde, já que este tem em seu ofício o cuidar do outro. Este estudo analisou os níveis de saúde psíquica e stress dos profissionais de saúde abrindo um debate sobre a humanização em 06 hospitais públicos (03 premidos pelas ações de Humanização e 03 não premiados) no Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Foi realizado um estudo com 126 profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e assistente sociais), atuantes no setor de enfermaria nas respectivas instituições. A Tese apresentada de caráter multidisciplinar contou com o apoio de estatísticos (para o cálculo amostral e análise dos dados), psicólogos, assistente social e administradores (vinculados ao setor de pessoal de cada hospital). Foi efetivado um estudo de delineamento transversal, de natureza quantitativa e qualitativa. Como instrumentos, foram utilizados: um questionário semi-aberto constando características sócio-demográficas, de trabalho e humanização; o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de LIPP (ISSL), e; o Questionário de Saúde Geral de Goldberg (QSG). Os trabalhadores são predominantemente mulheres (84,9%), casados (54,8%), apresentando idades de 46 a 55 anos (40,5%), cujo tempo de serviço na instituição permeia entre acima de 20 anos (22,2%) e 16 a 20 anos (20,6%) respectivamente. Contam com uma carga horária de trabalho de 40 horas semanais (71,4%), além de apresentar múltiplos vínculos de trabalho (61,9%). A saúde psíquica global dos sujeitos encontra-se em um nível bom, no entanto, também há indivíduos em número significativo de processo de agravamento tanto no stress psíquico (F1) apresentado pelo QSG (54,7%) quanto pelo stress demonstrado pelo ISSL (42,1%). Ao observar as categorias, os enfermeiros (41,5%), nutricionistas (20,8%), médicos e assistentes sociais (18,9%) estiveram entre os mais atingidos. Analisando os grupos de hospitais que apresentaram uma boa saúde geral - F6, (com escores entre 5 a 50%) estavam 63% do grupo de hospitais premiados e 70% do grupo de hospitais não premiados. Percebe-se que o fato do hospital ser premiado, ou reconhecido não interfere no nível de stress e na saúde psíquica do profissional de saúde. Quanto aos discursos dos sujeitos foi possível constatar um baixo conhecimento sobre o tema da humanização, de modo que poucos identificam ou sabem que o serviço ao qual assiste está em processo de adoção a uma Política Ministerial. Detectou-se também a necessidade de ações voltadas a saúde do trabalhador. Tais resultados apontaram para a necessidade de se investir mais em programas direcionados ao bem-estar dos profissionais que lidam diretamente com a saúde das outras pessoas, visto que se torna muito difícil a estes sujeitos oferecer um atendimento de qualidade quando não se dispõe de condições físicas, psicológicas e materiais para o desempenho de suas funções. Cabe o alerta para investimentos em ações que busquem um cuidado humanizado ao profissional de saúde principalmente quanto ao enfoque preventivo para sua saúde e qualidades de vida no trabalho

ASSUNTO(S)

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