A resistencia de traços do dialeto caipira : estudo com base em atlas linguisticos regionais brasileiros / The Resistence of Features of Brazilian "Caipira" Dialect : study based on Brazilian Regional Linguistic Atlases

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O dialeto caipira, descrito por Amadeu Amaral em 1920, era falado na antiga província de São Paulo até por volta do final do século XIX. Conforme Amaral, o dialeto, que teve grande vigor, vai perdendo terreno a partir das últimas décadas do século XIX, em conseqüência das profundas alterações que se verificam no meio social, estando ?condenado a desaparecer em prazo mais ou menos breve? (Amaral 1920 / 1982: 42). A previsão de Amaral, todavia, não parece ter se concretizado. Em 1974, Rodrigues (1974) atesta a vitalidade do dialeto na região de Piracicaba. Retomando essa linha de investigação, nosso estudo procura verificar a presença de traços fonéticos e lexicais do dialeto caipira em Minas Gerais e no Paraná, com base nos dados do Esboço de um atlas lingüístico de Minas Gerais (Ribeiro et alii 1977) e do Atlas lingüístico do Paraná (Aguilera 1994). As duas áreas são relevantes para essa investigação pela sua proximidade geográfica com São Paulo e pelas relações históricas que envolvem os paulistas no processo de povoamento desses dois Estados vizinhos. Quanto ao nível fonético, nosso estudo se concentrou em cinco variantes: o ?r caipira? ou retroflexo em final de sílaba e em posição intervocálica; o rotacismo da lateral em final de sílaba e em encontro consonantal; o apagamento do /r/ em final de palavra; a iotização da lateral palatal; a redução da proparoxítona. Quanto ao nível lexical, foram exploradas as possibilidades específicas de cada um dos atlas examinados (ex.: cambota, cuitelo, arco-da-velha). Analisado o corpus, constatamos a ocorrência das cinco variantes fonéticas mencionadas, tanto em Minas como no Paraná. Quatro dessas variantes ? o rotacismo, a apócope do /r/, a iotização da lateral palatal e a redução da proparoxítona ? mostraram uma distribuição mais geral nas áreas estudadas. Somente o ?r caipira? exibe o caráter de uma variante mais propriamente geográfica no interior de cada território estudado, ocorrendo em áreas que refletem a influência paulista, ou por se encontrarem próximas a São Paulo, e/ou porque historicamente correspondem a áreas de penetração dos paulistas. A ocorrência simultânea das outras variantes fonéticas estudadas e de variantes lexicais nessas áreas contribui para caracterizá-las de forma mais consistente como possíveis áreas de resistência do dialeto caipira. Pesquisas complementares focalizando outras variantes do dialeto caipira poderão verificar a consistência dessa caracterização

ASSUNTO(S)

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