A reprodução do lugar e o desafio de permanência nos lotes da reforma agrária : Assentamento Divisa - Ituiutaba-MG

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O trabalho que se segue aborda o contexto cultural, político, econômico e social do assentamento de Reforma Agrária Divisa. Mais especificamente, analisa os modos de vida, a produção e reprodução do lugar e o espaço comunitário dos sujeitos moradores desse assentamento. A comercialização de posses de lotes foi um dos motivos que nortearam a realização da pesquisa, pois, no nosso entendimento, tal situação constitui-se como um problema para a Reforma Agrária. As preocupações em compreender o porquê da venda de lotes direcionaram os estudos para as particularidades que se fazem presentes no espaço vivido. A estratégia foi analisar a realidade das práticas sociais dos produtores familiares, por meio de suas falas, de modo que pudéssemos conhecer suas trajetórias de vida, suas conquistas enquanto assentados ou compradores de lotes. Sendo assim, ampliamos o nosso conhecimento teórico acerca do trabalho de campo em Geografia, analisando, a partir de obras geográficas, sociológicas, antropológicas e historiográficas, o método descritivo e a história oral. Ao conhecermos sobre o cotidiano dos entrevistados, percebemos que os ciclos da natureza são importantes para o processo produtivo na agricultura. As festas, o lazer, o trabalho individual e o coletivo constituem o cotidiano, sendo este estruturado, sobretudo, pelo trabalho. Nesse sentido, as relações coletivas por afinidades se tornam importantes para reprodução e estruturação do cotidiano. Dessa maneira, ao analisar os modos de vida, compreendemos que existem divergências significativas que impedem a produção de um espaço social coletivo único, em torno das atividades produtivas. Algumas famílias possuem saberes e habilidades a respeito da produção agrícola, pois, em suas trajetórias de vida, adquiriram conhecimentos a partir de diversas experiências vividas no espaço rural. Outras famílias não viveram experiências no rural e possuem origem urbana. Estas têm dificuldades em trabalhar, produzir e obter renda a partir dos usos do lote. Dessa forma, o lugar é produzido e reproduzido pelos conflitos, entendimentos e desentendimentos entre famílias moradoras do assentamento. A reprodução da vida, por meio dos usos e apropriações dos lotes, torna-se um desafio, já que a produção do lugar é conflituosa, permeada por conquistas, negociações frustradas e por fracassos na produção e nas organizações coletivas. É dessa maneira que a realidade dos assentamentos vai sendo produzida e reproduzida. Algumas famílias abandonam o sonho de possuir uma propriedade de terras, pois diante das dificuldades de geração de renda, de obtenção de assistência técnica e política do Governo, de se relacionar coletivamente, produzir a comunidade e de obter ganhos financeiros pela venda de sua conquista, optam em comercializar a posse do lote. Nessa trajetória, as redes de sociabilidade surgidas pelo relacionamento coletivo das famílias que permanecem morando no assentamento vai sendo construída e modificada pela vinda de novas famílias. Analisando essa situação, entendemos que a venda de posses de lotes tem, como causa, um conjunto de fatores que surgem no espaço vivido e se relacionam a desencontros presentes no interior do espaço comunitário e nas relações sociais extra-comunitárias que o coletivo estabelece.

ASSUNTO(S)

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