A representação social do cuidado no Programa Saúde da Família na cidade do Natal

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Este estudo teve por objetivo apeender as Representações Sociais do cuidado das equipes do Programa Saúde da Família (PSF) da cidade do Natal-RN e como essas representações orientam as ações cotidianas desses sujeitos (médicos, dentistas, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e auxiliares de saúde bucal) durante o processo de trabalho. Nesse sentido, utilizamos como abordagem teórica-metodológica a Teoria das Representações Sociais. Para a coleta de dados, lançamos mão dos seguintes instrumentos: um questionário que na sua primeira parte destinava-se à coleta dos dados sociodemográficos e na segunda parte adaptado à técnica de associação livre de palavras (TALP) que foi aplicado junto a 90 profissionais que compõem as equipes em 18 unidades do PSF. Ainda como instrumentos de coleta foram realizadas entrevistas, a partir de estímulos indutores, e também as observações diretas junto a 30 destes profissionais. Após uma leitura flutuante do material, foi constituído um corpus para a análise do qual emergiram dez categorias. Para analisar a TALP utilizamos a análise lexicográfica combinando a freqüência e a ordem média de evocações. As entrevistas e as variáveis sóciodemográficas foram analisadas respectivamente a partir da análise de conteúdo e da análise estatística descritiva. O estudo mostrou que o núcleo central da representação social em questão está composto pelos elementos atenção, acolhimento e amor, revelando que os sujeitos apresentam diferentes entendimentos sobre o processo do cuidado no PSF e que o conhecimento construído a esse respeito está amparado numa visão aproximada do sentido do cuidar. Entretanto, predominam elementos tradicionais e com conotações banalizadas sobre o cuidado, o que dificulta o desenvolvimento de estratégias de superação das práticas tradicionais. No conjunto das análises, foi-nos possível captar a invariância de uma contradição: de um lado, os profissionais sabem e afirmam a importância da produção do cuidado junto aos usuários do PSF; de outro, a vivência, na prática cotidiana, traduz a negação desse fazer-cuidado. Nesse contexto contraditório, o profissional passa a construir sínteses gradativas e sucessivas que lhe permitem agir e afirmar-se associando informações advindas da formação, de conhecimentos estruturados em outras experiências, valores e símbolos demarcadores de seu cotidiano. Assim, ele se configura e xvi reconfigura na prática, segundo o que é exigido no seu fazer concreto e específico, ao mesmo tempo em que plural e múltiplo. A composição do núcleo central indica que qualquer curso ou capacitação que pretenda modificar atitudes - portanto a ação cotidiana dos profissionais do PSF relativas ao cuidado - deve levar em conta e priorizar o debate sobre a ressignificação dos campos semânticos do núcleo central (amor/atenção/acolhimento e humanização), especialmente dos elementos atenção e amor

ASSUNTO(S)

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