A re-significação da eugenia na educação entre 1946 e 1970: um estudo sobre a construção do discurso eugênico na formação docente

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/06/2010

RESUMO

Este trabalho mostra a persistência do discurso eugenista (continuidades e descontinuidades) na educação, enfocando o Curso de Formação de professores primários de Minas Gerais, assim como, a compreensão da formação do modelo eugênico, desenvolvido nesse ensino, nas disciplinas Biologia Educacional e Higiene e Puericultura, entre o período de 1946 e 1970. A pesquisa procurou evidenciar as diversas influências advindas da ciência e de suas relações com outras perspectivas culturais como a religião na fundamentação e na implementação do modelo eugênico adotado neste período. Mediante as noções de eugenia e as imagens e textos pesquisados sobre o corpo, a saúde, a raça, a hereditariedade, a sexualidade e a higiene, encontrados no material didático dessas disciplinas, procurou-se mostrar que a Eugenia permaneceu no âmbito educacional, mesmo no período pós-guerra. Buscou-se compreender também, ao serem contextualizados os fundamentos e os desdobramentos desse modelo eugênico, de que modo essa ciência participou, em conjunto com a educação e a saúde, de um projeto de reconstrução nacional, com o objetivo de promover o desenvolvimento do país. Salientou-se ainda, nesta contextualização, o modo como diversos intelectuais buscaram redimensionar o problema do atraso brasileiro; a redefinição científica do conceito raça e o modo como tal tema era apresentado no material didático usado em disciplinas do Curso Normal ; o entendimento da relação hereditariedade/meio na constituição do indivíduo; assim como a responsabilidade delegada à mulher no processo de formação biológica e educacional do indivíduo. Esta pesquisa apoiou-se em aportes da História das Disciplinas Escolares e dos livros didáticos, história do currículo, História da Ciência, da Teoria da Análise do Discurso, além de utilizar-se da concepção de Biopoder, desenvolvida por Michel Foucault. Utilizou-se fontes como manuais didáticos, legislações que regulamentaram o Ensino Normal, os programas das disciplinas, entrevistas com ex-alunas e com um ex-professor da Disciplina Biologia Educacional do IEMG, documentos diversos do Instituto de Educação de Minas Gerais (pontos de exame de suficiência, pontos de provas parciais, Pasta do Curso de Férias, Livro de Registro de Empréstimos da Biblioteca, Pasta de Recortes de Jornal organizado pela instituição, correspondência), artigos publicados no Jornal Diário Oficial de Minas Gerais, artigos publicados na Revista do Ensino e na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. A análise de todo esse processo permitiu evidenciar-se a produção de sentidos diversos associados ao modelo eugenista adotado, revelando contradições, rupturas e permanências dessa ciência na história da educação, assim como, mostrar que a Eugenia ensinada no período focalizado,exigiu sua re-significação, que implicou a negação das medidas práticas eugênicas negativas (aborto, esterilização, extermínio, compulsoriedade) e a valorização das medidas concebidas como positivas, ainda que influenciadas pelo racismo prevalecente. Averiguou-se como o Ensino Normal mineiro reafirmou e desenvolveu um projeto eugênico de sociedade, mostrando como a eugenia continuou sendo invocada, ainda que variando seus modos, seus protagonistas, seus fundamentos, suas referências e suas práticas.

ASSUNTO(S)

educação  história  minas gerais  teses   eugenia teses raças  brasil.  teses  professores  formação  teses biologia  estudo e ensino  teses

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