A questão do autoritarismo organizacional : estudo dos movimentos dos metalúrgicos do ABC paulista (1978-1979)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

1980

RESUMO

Na localidade do ABC paulista está concentrado o maior parque fabril brasileiro, principalmente pela presença de filiais das grandes industrias automobilísticas mundiais, o que lhe confere uma situação política e geo-económica muito importante. Procurou-se verificar se os movimentos sociais dos me talUrgicos do ABC paulista ocorridos em 1978 e 1979, lograram iniciar um processo de crise do autoritarismo organizacional. A crise implica em uma transição de uma situação para outras situações possíveis. Ficou definido que a crise tanto pode levar a um reforço na estrutura autoritãria aumentando a repressão ou disfarçando-a através de diversos instrumentos, como pode levar a uma alteração na estrutura autoritãria atravês de uma democracia direta. Definiu-se que são três as principais características do autoritarismo organizacional em seu aspecto mais radical: a) relações de poder unilaterais e coercitivas; b) acentuada distinção entre dirigentes e dirigidos; c) heterogestão revelada em seu aspecto unidimensional. Verificou-se que trabalhadores do ABC paulista, chegaram a desagregar a estrutura dentro da qual se expandiram, pro votando uma crise no autoritarismo organizacional: a) porque conseguiram, ainda que momentaneamente,de finir e realizar seus interesses objetivos específicos; b) porque transpuseram uma legislação autoritãria e institucionalizaram uma relativa aproximação entre as classes, obtendo acordos e reafirmando sua condição de classe antagônica; c) porque questionaram a gestão autoritária, propon do uma forma alternativa de gestão visando a implementação de uma democracia industrial. Os rumos do processo de crise iniciado pelos metalúr gicos não podem no entanto, ser definidos aprioristicamente, porque, como se disse no inicio, há dois caminhos possíveis:al terar ou reforçar a estrutura existente. A crise pode ter como diretriz a autogestão e,portan to, através de um processo evolutivo, definido por Rosa Luxemburgo, Anton Pannekoek, Antonio Gramsci e Norberto Bobbio, levar ã democracia direta. A crise pode também levara co-gestão na fabrica,a uma democracia burguesa, autoritária, que buscará promover a he gemonia política da burguesia vacilante. Como são os homens que fazem a história e como os ru mos desta crise apenas podem ser definidos na evolução histOri ca, tais rumos dependerão dos resultados das práticas das cias ses em luta.

ASSUNTO(S)

autoritarismo : organizacoes : trabalho : estudo de caso : metalurgico : regiao do abc sp : brasil

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