A psiquiatra e o artista : Nise da Silveira e Almir Mavignier encontram as imagens do inconsciente / The psychiatrist and the artisti : Nise da Silveira and Almir Mavignier meet the images of the unconscious

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi investigar os primeiros anos (de 1946 a 1957) do ateliê de pintura - localizado no hospital psiquiátrico do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, Brasil - do ponto de vista dos artistas plásticos envolvidos, bem como a sua repercussão no campo da arte. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com pessoas que participaram do início deste ateliê, análise de gravações em vídeo do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente, revisão bibliográfica, incluindo consulta a jornais e revistas da época para reconstruir um panorama histórico sobre o ateliê de pintura. A literatura já mostrou como a psiquiatra Nise da Silveira, uma das mais importantes personalidades femininas do século passado no Brasil, associou-se ao jovem artista Almir Mavignier para criar um ateliê que usava a arte como recurso terapêutica no tratamento de um grupo de internos do hospital psiquiátrico. O presente estudo buscou reconstituir partes ignoradas desta história: como os internos foram convidados a freqüentar o ateliê, a atuação de Mavignier no desenvolvimento das atividades de arte, como se deu a confluência de outros artistas ao Engenho de Dentro, instigados pela produção plástica dos pacientes psiquiátricos e a organização de exposições em espaços culturais bem como em eventos de saúde mental. A produção plástica realizada neste ateliê, que deu origem ao Museu de Imagens do Inconsciente, ganhou notoriedade entre os críticos de arte da época, sendo exposta em importantes museus, como o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Este estudo buscou mostrar os processos por meio dos quais os críticos tiveram contato com o trabalho. As obras do Museu de Imagens do Inconsciente foram reconhecidas internacionalmente por personalidades como C. G. Jung e Albert Camus. A produção plástica realizada neste ateliê também teve ressonância em artistas contemporâneos como Francisco Brennand, Ivan Serpa e Abraham Palatnik, que visitaram este ateliê. O estudo sugere que o fato de um artista plástico desenvolver os trabalhos no ateliê no contexto psiquiátrico representa um diferencial nos resultados. Concluímos que este ateliê de pintura faz parte do mosaico da história da arte no Brasil e que seu estudo mais sistemático nas diversas fases pode trazer contribuições para reflexões interdisciplinares nos campos da arte, saúde mental, e educação

ASSUNTO(S)

artes plasticas occupational therapy terapia ocupacional psiquiatria arte e historia - brasil art and history psychiatry brazil visual arts

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