A população cirúrgica muito idosa em cuidados intensivos: características clínicas e desfechos

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. Bras. Anestesiol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-02

RESUMO

Resumo Introdução: A população idosa envolve um grupo muito heterogêneo de doentes, com um crescente número de doentes muito idosos a serem propostos para cirurgia. O objetivo do presente estudo foi avaliar a relação entre diferentes grupos etários e estados funcionais com os resultados cirúrgicos do doente idoso. Métodos: Estudo retrospectivo de coorte realizado em uma Unidade de Cuidados Intensivos Cirúrgica (UCIC) que incluiu um total de 2331 doentes cirúrgicos com idade ≥ 65 anos, entre 2006 e 2013. Os doentes foram agrupados de acordo com a idade: doentes idosos (65-85 anos); doentes muito idosos (DMI > 85 anos). Dados demográficos e perioperatórios foram registrados. Índice de Risco Cardíaco Revisto, scores de APACHE e SAPS II foram calculados e complicações pós-operatórias, documentadas. As variáveis foram comparadas em análise univariada. Resultados: A incidência de DMI foi de 5,4%. Este grupo foi mais frequentemente submetido à cirurgia não eletiva (22,4%vs.11,2%; p< 0,001), apresentou scores maiores de APACHE II (12,0vs.10,0; p< 0,001) e SAPS II (26,6 vs. 22,2; p< 0,001), maior incidência de insuficiência do órgão (24,6%vs.17,6%; p= 0,048) e uma mortalidade superior na UCIC (14,0%vs.5,2%; p= 0,026) e no hospital (9,3% vs.5,0%; p= 0,012). Discussão: Os piores resultados nos DMI podem refletir uma maior vulnerabilidade a complicações pós-operatórias, possivelmente relacionadas com múltiplas comorbilidades e uma reserva fisiológica diminuídas. Conclusão: Os doentes muito idosos representaram uma porção importante dos doentes admitidos na UCIC, tinham scores de gravidade mais elevados e maior prevalência de falência orgânica e foram mais frequentemente submetidos a cirurgias não eletivas. Tinham piores resultados relativamente à mortalidade durante a permanência na UCIC e no hospital.

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