A Pesca sobre os Recifes de coral e os ecosistemas adjacentes: estudo de caso do nordeste do Brasil / The fishing activity on coral reefs and adjacent ecosystems. A case study of the Northeast of Brazil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Recifes de coral da costa do Nordeste do Brasil ocupam aproximadamente 3000 km. Muitas espÃcies de alto valor comercial habitam temporariamente ou permanentemente nos recifes e fornecem sustento e emprego para milhares de pessoas. PorÃm, a falta de conhecimento bÃsico como, por exemplo, a estrutura das populaÃÃes dos estoques comercialmente explotados, o nÃvel das capturas, a avaliaÃÃo dos estoques, o efeitos da pesca sobre a biota, etc, demonstram a necessidade de mais esforÃo no que diz respeito ao conhecimento destes ecossistemas. Sabe-se que a pressÃo pesqueira sobre esse tipo de ambiente nÃo para de crescer devido, em parte, ao desenvolvimento tecnolÃgico e demogrÃfico destas regiÃes. VÃrios estudos mostraram que a pressÃo da pesca vem aumentando e os estoques de peixes estÃo colapsados ou sobre-explorados. Esse trabalho, inserido dentro do programa financiado pelo governo Brasileiro chamado REVIZEE (AvaliaÃÃo do Potencial dos Recursos Vivos da Zona EconÃmica Exclusiva) que coletou informaÃÃes sobre a composiÃÃo da captura e biologia das principais espÃcies da Zona EconÃmica Exclusiva, teve como objetivo identificar e avaliar os fatores que determinam a dinÃmica das pescarias nos recifes de coral, utilizando-se de ferramentas estatÃsticas e de modelagem numÃrica. O objetivo final deste estudo consiste em uma contribuiÃÃo para a elaboraÃÃo de um plano de manejo visando a exploraÃÃo sustentÃvel da pesca no ambiente de recifes de coral do Nordeste do Brasil. Dentro da pesca recifal da costa nordeste do Brasil, os lutjanideos foram parte importante na captura da pesca artesanal e contribuÃram decisivamente para explicar a similaridade entre os grupos, destacando Lutjanus chrysurus, L. synagris, L. analis, L. jocu e, em uma menor proporÃÃo, L. vivanus. Dentre outros fatores considerados, o efeito espacial (estado como fator) foi o mais forte atributo responsÃvel pelo isolamento de grupos. Considerando os fatores tecnolÃgicos, ÂduraÃÃo da viagemÂmelhor discriminou a composiÃÃo da captura quando comparado com Âcategoria da frotaÂ. Entretanto, dadas algumas exceÃÃes (principalmente relacionadas com fortes ventos favorÃveis), as categorias ÂduraÃÃo da viagem sÃo normalmente relacionadas com a propulsÃo da frota, uma vez que barcos motorizados geralmente realizam viagens mais longas. Para os cinco lutjanideos analisados, os menores peixes foram geralmente encontrados perto da costa em Ãguas rasas e os maiores exemplares foram encontrados mais afastados da costa em Ãguas mais profundas. Em termos de abundÃncia, a abundÃncia relativa mÃxima mÃdia variou, uma vez que L. synagris foi mais abundante em Ãguas rasas perto da costa enquanto que L. vivanus ocorreu principalmente em Ãguas mais profundas na plataforma continental e talude. As artes de pesca capturam indivÃduos com tamanho similar para todas as espÃcies e afetam quase toda a faixa do ciclo de vida das mesmas, entretanto, frotas com distintas operaÃÃes de pesca afetaram os estoques de maneira diferenciada. Modelos de avaliaÃÃo dos estoques tradicionais descreveram a situaÃÃo atual do L. analis, L. chrysurus, L. jocu, L. synagris e L. vivanus da costa nordeste do Brasil. Modelos baseados em freqÃÃncia de comprimento nÃo se mostraram adequados para as espÃcies sob estudo e podem nÃo ser adequados para muitas outras espÃcies recifais. Embora isto possa ser considerado limitante, devido a curta sÃrie histÃrica, VPA (AnÃlise de PopulaÃÃo Virtual) baseado em idade e coortes verdadeiras mostrou ser o mÃtodo mais apropriado, considerando as metodologias tradicionais aplicadas para a avaliaÃÃo dos estoques dos peixes recifais. De uma maneira geral, os nÃveis de exploraÃÃo devem ser avaliados com cautela. As cinco espÃcies foram classificadas como no limite mÃximo ou sobre-exploradas e essa conclusÃo foi ainda mais reforÃada quando pontos de referÃncia mais conservativos como o F0.1 foi considerado. Modelos que incorporam interaÃÃes tÃcnicas tambÃm foram aplicados. Ficou evidente que diferentes frotas atuam distintivamente na histÃria de vida dos lutjanideos do nordeste do Brasil. InformaÃÃes independentes da pesca foram utilizadas visando a obtenÃÃo de uma imagem da ictiofauna, onde medidas de manejo sÃo implementadas e, para avaliar a relaÃÃo entre a captura-por-unidade-de-esforÃo (CPUE), atravÃs de comparaÃÃes com as estimativas de abundÃncia obtidas atravÃs do censo visual (UVC), com a pesca experimental costeira. A ictiofauna variou de acordo com a complexidade do ambiente. As estimativas de CPUE variaram dos Ãndices de UVC de uma maneira geral. Entretanto, para os lutjanideos, amostragens efetuadas em cabeÃos foram similar. Isto pode ser explicada pelo fato que a comunidade de peixes à restrita a Ãrea confinada onde ambos mÃtodos experimentais apresentam uma faixa de operaÃÃo similar. Finalmente, considerando os resultados obtidos atravÃs deste estudo, um plano de manejo para a regiÃo nordeste do Brasil deve considerar duas aÃÃes: (1) reduÃÃo do esforÃo, i.e. na categoria de frota que mais influencia a captura (barcos motorizados) e (2) implementaÃÃo de Ãreas com restriÃÃes a atividade pesqueira

ASSUNTO(S)

snappers exploited stocks recifes de corais pesca artesanal artisanal catch oceanografia lutjanideos interaÃÃes technologicas coral reefs avaliaÃÃo dos estoques manejo pesqueiro

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