A persuasão no discurso de auto-ajuda: uma abordagem sistêmico-funcional

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Os livros de auto-ajuda constituem um dos segmentos com maior crescimento e é também o responsável pelos novos best-sellers do mercado. O instituto de pesquisas Marketdata estima que o mercado mundial da auto-ajuda movimentou cerca de US$8.5 bilhões em 2003. Eles estimam que o tamanho total desse mercado pode alcançar mais de US$11 bilhões em 2008. Notemos que o auto de auto-ajuda, tal como em auto-didata, significa aprendizagem sem o acompanhamento de um mestre. Não quer dizer que a pessoa se ajude a si mesma, mas com a ajuda de um livro, que foi escrito por alguém. Há um autor que passa suas idéias para o leitor, esperando que este aceite suas idéias e sugestões. Então, cabe a pergunta: de que maneira o autor de um livro de auto-ajuda convence seu leitor da validade de suas afirmações? A persuasão, em especial a persuasão implícita, que permeia o texto, nem sempre é realizada por adjetivos e advérbios claramente persuasivos, mas graças também a determinadas escolhas léxico-gramaticais, não consideradas interpessoais na tradição, que, combinadas a contextos específicos, tornam-no altamente persuasivo. Esse tipo de persuasão, que acontece cumulativamente conforme o texto se desenrola pode ser extremamente eficaz em certos contextos. Diante do inegável sucesso de vendas desses livros, pareceu-me justificável promover um estudo a respeito do texto de auto-ajuda, analisando-o do ponto de vista do discurso, mais especificamente no que diz respeito ao modo como o escritor tenta passar suas idéias para conseguir a adesão do leitor. Para examinar essa questão, recorro à análise crítica, a qual procura, estudando detalhes da estrutura lingüística à luz da situação social e histórica de um texto, trazer, para o nível da consciência, os padrões de crenças e valores codificados na língua que estão subjacentes à notícia e que são invisíveis para quem aceita o discurso como algo natural. Espero examinar as escolhas léxico-gramaticais feitas pelo autor, Roberto Shinyashiki (2005), Heróis de Verdade,com vistas à persuasão tanto explícita quanto implícita no texto de auto-ajuda. Para tanto, apóio-me na lingüística sistêmico-funcional, de Halliday (1994), em especial, na atuação simultânea das metafunções ideacional, interpessoal e textual, incluindo as contribuições que a teoria tem recebido em recente data, principalmente no tocante ao posicionamento do escritor bem como da sua avaliação do conteúdo no desenrolar do texto. Assim, apóio-me em especial em Martin (2000; 2003), que, com a noção de token de avaliação, mostra a fusão da metafunção ideacional com a interpessoal; na noção de frame (Goatly 1997; Bednarek 2005), que explica a introdução pelo leitor de seu conhecimento prévio, desencadeado por elementos do texto; na construção da crypto-argumentação (Kitis e Milapídes, 1996), que trata de sobreposição de gêneros discursivos em função da persuasão; na montagem de um mundo textual (Downing, 2003) e Semino (1997), tendo em vista o leitor ideal. Dessa forma, espero desvendar a ideologia que permeia o texto e entender como é feita a persuasão no livro analisado

ASSUNTO(S)

gramatica lexico-funcional análise crítica self-help linguistica aplicada analise do discurso auto-ajuda lingüística sistêmico-funcional critical analysis persuasao (retorica) persuasion systemic-functional linguistics

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