A PERCEPÇÃO DE MÉDICOS DO PSF SOBRE O PROCESSO DE ATENDIMENTO MÉDICO A CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A violência contra crianças e adolescentes sempre esteve presente na história da humanidade e é atualmente considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, constituindo a principal causa de morte a partir dos cinco anos de idade. Ela se expressa na forma de maus-tratos físicos, psicológicos, sexuais, econômicos ou patrimoniais, abandono e negligência, causando danos ainda pouco dimensionados. Trabalhar com casos de violência doméstica contra crianças e adolescentes (VDCA) não é uma tarefa fácil, uma vez que o médico pode se defrontar com situações complicadas, notadamente no Programa de Saúde da Família (PSF), que mantém estreito vínculo com comunidades inseridas em cenários propícios a esse fenômeno e expostas a risco social. O país ainda carece de estudos no sentido de conhecer melhor o problema, seus desdobramentos e implicações, sendo que a dificuldade do diagnóstico figura entre as maiores barreiras enfrentadas pelas equipes atuantes nessa área. A partir dessas premissas, esta pesquisa exploratória, com análise qualitativa, foi desenvolvida com o propósito de identificar a percepção de médicos atuantes no PSF sobre o processo de atendimento às vítimas de VDCA na região de Sapopemba, município de São Paulo (SP). Como objetivos específicos, buscou-se investigar o entendimento desses profissionais sobre VDCA, a vivência e a prática diária deles no atendimento às vítimas e a sua formação profissional e/ou acadêmica. O estudo revelou que, além da falta ou do pouco conhecimento sobre as imbricações e impactos da VDCA consequências da não abordagem do tema nos cursos de graduação e da carência de educação continuada , os médicos dedicados a programas de atenção básica se confrontam com dilemas éticos e sentimentos que desembocam na percepção de impotência diante das vítimas de maus-tratos, associada ao medo de represálias por parte dos agressores e ao descrédito nas instituições que têm atribuição legal de dar encaminhamento aos casos. Os resultados obtidos nesta pesquisa indicam que todos esses fatores juntos resultam em deficiências no sistema de notificação que acabam por ampliar as lacunas das estatísticas pouco confiáveis das ocorrências de violência doméstica no Brasil. O cenário atual da violência é bastante complicado e reivindica estudos sistemáticos sobre incidência e prevalência do fenômeno. Entende-se que o incremento das pesquisas e dos debates sobre o tema e programas de educação continuada pode atuar como importante instrumento para reverter o quadro endêmico da VDCA e construir estratégias de enfrentamento sintonizadas com a realidade da saúde pública brasileira

ASSUNTO(S)

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