A noção de documento no espaço-tempo da Ciência da Informação: críticas e pragmáticas de um conceito

AUTOR(ES)
FONTE

Perspect. ciênc. inf.

DATA DE PUBLICAÇÃO

05/09/2019

RESUMO

Resumo Diante da crescente discussão internacional sobre uma possível neodocumentação, em oposição a uma menor disseminação da abordagem clássica da Documentação, torna-se necessário tratar da relação entre as duas abordagens para uma compreensão da noção de documento em Ciência da Informação, bem como reconhecer a vigência de outras tradições de apropriação do conceito no campo informacional. Objetiva-se discutir a literatura sobre ‘documento’, partindo do olhar francófono (Bélgica e França, precisamente), no sentido de objeto material e simbólico, produto da prática documentária. Além disso, procura-se estabelecer relações entre esta conceituação e aquela da literatura de orientação anglo-americana denominada genericamente 'neodocumentação'. O percurso da reflexão, fruto de uma abordagem teórico-conceitual, sob uma via epistemológico-histórica e pragmática, discute a) a noção de documento proposta por Paul Otlet no início do século XX, em seguida desenvolvida por franceses, b) a produção anglófona que, em especial, a partir da década de 1990, toma por base ideias de Paul Otlet e Suzanne Briet para desenvolver suas argumentações, c) o ponto de vista de outras culturas de apropriação do conceito, como a espanhola, a italiana e a brasileira. Como apontamos conclusivos, observa-se que a construção histórica da noção de documento aponta que o mesmo é produto de ações de mediação, as quais se realizam por atividades como seleção, representação, ordenação, exposições, enquanto, sob outro ponto de vista, a abordagem dos neodocumentalistas privilegia o documento quanto às relações de poder que envolvem enquanto objeto produzido pelo homem, portanto, relações localizadas histórica, social e politicamente.Abstract The growing discussion about a possible neodocumentation and the less dissemination of the classical type of documentation makes it necessary to deal with the relationship between the two approaches to an understanding of the notion of document in Information Science. We aim to discuss the literature on 'document', starting from the French-speaking gaze (Belgium and France, precisely), in the sense of a material and symbolic object, product of documentary practice. It seeks to establish relations between this conceptualization and that of the literature of Anglo-American orientation denominated generically 'neodocumentation'. The course of reflection, a theoretical-conceptual approach, under an epistemological-historical and pragmatic approach, discusses a) the notion of document proposed by Paul Otlet at the beginning of the 20th century, then developed by the French, b) Anglophone production which, in particular, from the 1990s, builds on Paul Otlet and Suzanne Briet's ideas to develop their arguments, and c) the view of other cultures of appropriation of the concept, such as Spanish, Italian and Brazilian cultures. As we have pointed out, the historical construction of the notion of document indicates that it is the product of mediation actions, which are carried out through activities such as selection, representation, ordination, expositions, while, from another point of view, the approach of the neodocumentalists privileges the document regarding the relations of power that they involve as object produced by the man, therefore, relationships located historically, socially and politically.

Documentos Relacionados