A noção de "conversão a si" : uma leitura da abordagem de Michel Foucault a respeito da relação subjetividade e verdade na filosofia antiga

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

No curso sobre "A hermêneutica do sujeito" (1982), Foucault aborda o tema do acesso à verdade a partir das "práticas de si". Voltando-se para o pensamento antigo, Foucault procura mostrar que, contrariamente à nossa concepção moderna, o aceso ao conhecimento da verdade não é dado ao sujeito de pleno direito. O acesso à verdade implica a transformação - a "conversão do sujeito"- em seu ser mesmo de sujeito. Esta transformação ou "conversão do sujeito" para ter acesso à verdade implica um trabalho, um exercício ascético de si sobre si mesmo capaz de realizar a constituição de um "si" que faz a experiência da verdade e, ao mesmo tempo, é transfigurado por esta experiência. Partindo do Alcebíades de Platão onde a prática do "cuidado de si" emerge pela primeira vez como tema de reflexão filosófica e, a seguir, se voltando para o estoicismo dos dois primeiros séculos de nossa era quando a necessidade de "se cuidar de si mesmo" se toma um fim em si mesma marcada pela prática de uma constante "conversão a si", Foucault procura mostrar como o acesso ao conhecimento das coisas e as práticas ascéticas no pensamento antigo faziam parte das "práticas de subjetivação da verdade," isto é, da constituição de um si mesmo que se apresentam como um contraponto às nossas modernas "práticas objetivadoras da verdade sobre nós mesmos". Esta análise se inscreve no projeto genealógico de Foucault que permite pensar o presente e o que está sendo feito de nós mesmos aqui agora

ASSUNTO(S)

filosofia antiga estoicos subjetividade verdade

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