A mulher e o Pantanal : uma relação de trabalho e de identidade

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O turismo configura-se como a atividade econômica que mais cresce no Pantanal brasileiro, região onde há predominância da propriedade privada da terra para criação de gado bovino. Em sobreposição ou substituição à pecuária, a atividade turística atua sobre a dinâmica das fazendas, valorizando e se apropriando do patrimônio natural e cultural, interferindo nas relações interpessoais, assim como das pessoas com o meio, compondo um cenário em transformação. Entre as mudanças observadas está o papel da mulher na sociedade pantaneira, cujo trabalho ganhou maior importância nas fazendas por desempehar atividades essenciais para o turismo como a limpeza e arrumação dos quartos e serviço de alimentação dos turistas. O objeto de estudo desta dissertação é diagnosticar a territorialidade do turismo sobre uma região específica do Pantanal através do olhar das mulheres que moram e trabalham nas fazendas. Chamada de Região do rio Negro, esta porção do Pantanal existe da referência espacial, histórica e sócio-cultural para a população que habita as fazendas daquele local. Utilizando a abordagem cultural da Geografia, cujo enfoque é a construção de um conhecimento das realidades sociais considerando as determinações materiais, históricas e geográficas das pessoas que o produzem, esta dissertação aborda o tema a partir de um viés da antropologia do turismo, na medida em que os aspectos da cultura e das relações familiares são fundamentais na compreensão de seu objeto. Através da observação participante, foi diagnosticado o universo feminino em quatro fazendas que atuam com turismo na região, assim como entrevistas não-diretivas foram feitas com proprietárias, suas funcionárias e familiares. Como resultado da pesquisa, verificou-se que o trabalho feminino nas fazendas de turismo é árduo, pois lhes exige força física bem como coragem para permanecer em meio às adversidades do meio, como cobras e mosquitos, e por estar longe de seus familiares que vivem na cidade. Por outro lado, à medida que aumenta a oferta de trabalho feminino nas fazendas, o turismo propicia maior participação das mulheres na renda familiar e lhes dá autonomia para investir em qualidade de vida e educação de seus filhos e netos. Seu trabalho é valorizado por seus maridos e pelos proprietários, mas para a maioria dos turistas permanece a figura do homem vaqueiro como a expressão da cultura pantaneira. As inserções tecnológicas e o turismo contribuem com a qualidade de vida das mulheres que vivem nas fazendas, pois facilitam o acesso e a comunicação com seus familiares. Por outro lado, o turismo limita suas relações familiares e sociais com pessoas de fazendas vizinhas, pois impõe um ritmo de trabalho e descanso diferenciado do tradicional regime pastoril. Este trabalho oferece ainda algumas tendências sobre a territorialidade do turismo na Região do rio Negro.

ASSUNTO(S)

pantanal mulher turismo tourism woman geografia

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