“A mesa que encolheu”: a perspectiva alimentar das mães que perderam filhos
AUTOR(ES)
Campos, Maria Teresa Fialho de Sousa; Peluzio, Maria do Carmo Gouveia; Melo, Mônica Santos de Souza; Simonini, Eduardo; Coelho, France Maria Gontijo; Araújo, Raquel Maria Amaral
FONTE
Ciênc. saúde coletiva
DATA DE PUBLICAÇÃO
2020-03
RESUMO
Resumo Este artigo descreve a relação de mães enlutadas com a alimentação, com base na fenomenologia existencial, considerando que o espaço familiar alimentar, protagonizado pela matriarca, pode ser perturbado com a perda de um filho. Foram realizadas entrevistas com quinze mães frequentadoras de Organizações Não Governamentais de apoio ao luto, com idade entre 40 e 61 anos. Da análise emergiram quatro eixos temáticos que indicam como a mãe enlutada se comporta no contexto da alimentação: a ausência de fome e do prazer em se alimentar; o ato de compartilhar refeições versus o luto materno; o confronto com a “cadeira vazia”; reações e sentimentos diante da culinária que simboliza a memória do filho. A influência que o luto exerce na relação das mães com a alimentação foi evidenciada de diversas maneiras, seja na ausência de fome, na alteração do peso e na falta do(a) filho(a) nas interações sociais durante as refeições compartilhadas, representando os desafios da mãe perante uma “mesa que encolheu”, exigindo das mesmas novas significações frente à alimentação. Compreende-se que a relação da enlutada com a alimentação é permeada de conflitos que a expõe a risco de desvios nutricionais e demanda apoio com profissionais sensíveis e esclarecidos sobre essa condição.
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