A LINGUAGEM E A DIMENSÃO DO CORPO NA SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VÍRUS: UM ESTUDO DE CASO

AUTOR(ES)
FONTE

Trab. linguist. apl.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2021-05

RESUMO

RESUMO Após o surto relacionado ao vírus Zika (ZIKV) no Brasil, entre os anos de 2015 e 2016, gestantes que haviam sido infectadas tiveram bebês com sequelas neurológicas importantes. Na época, foram relatados diversos casos de microcefalia associada a outras desordens neurológicas. Esse episódio se configurou como emergência em saúde pública de caráter mundial e diferentes estudos foram (e têm sido) realizados para acompanhar os bebês que haviam sido expostos a infecção congênita relacionada ao ZIKV. Essas crianças apresentam alterações neurológicas específicas, as quais são descritas na literatura como: microcefalia, desproporções craniofaciais, espasticidade, convulsões, irritabilidade, artrogripose, disfunções de tronco cerebral - disfagia e anormalidades oculares -, alterações auditivas, calcificações cerebrais, desordens corticais e ventriculomegalia. (ARAÚJO, et. al., 2016; FRANÇA, et. al., 2016; MIRANDA, et. al.,2016; MOORE, et. al.,2017) Visto o número reduzido de estudos dedicados a linguagem nesse cenário, o objetivo da pesquisa é refletir sobre a linguagem e a dimensão do corpo em crianças com lesões neurológicas associadas a Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV). A discussão tomou como referência o momento em que essas crianças começam a frequentar o espaço escolar. Assim, a partir do recorte metodológico de estudo de caso e da observação participante, foram realizadas filmagens de situações dialógicas, ocorridas no ambiente escolar, entre uma criança diagnosticada com a SCZV e seus colegas, professores, a Auxiliar de Desenvolvimento Infantil e uma pesquisadora. Como resultado, evidenciamos a presença de um corpo que, mesmo submetido às limitações impostas pela lesão orgânica, fazia presença no diálogo pedindo por interpretação. A técnica da observação participante possibilitou que essa presença pudesse ser reconhecida no espaço escolar, o que nos mostra a maneira pela qual o encontro interprofissional pode produzir deslocamentos que levem um profissional da educação a ocupar uma posição que dê condições para mudanças serem operadas na relação da criança com a linguagem e com o grupo.

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