A ironia como zona de confronto entre diferentes vozes/dizeres em comentários do Facebook

AUTOR(ES)
FONTE

Bakhtiniana, Rev. Estud. Discurso

DATA DE PUBLICAÇÃO

2019-03

RESUMO

RESUMO Neste artigo, partindo de discussões da ironia como estratégia discursiva, propomo-nos a analisar se, e como, a ironia serve de zona de diálogo e de tensão entre diferentes vozes/dizeres, evidenciando-se como um discurso de resistência da mulher. Para tanto, partimos do entendimento de linguagem do chamado Círculo de Bakhtin e das discussões sobre ironia como estratégia discursiva, além de considerações sobre a chamada cultura do estupro e os mitos a ela relacionados. Tomamos como corpus comentários de mulheres nos quais a ironia se faz presente, surgidos a partir de postagem anônima no Facebook, em páginas do tipo spotted1. A partir da análise dos dados, foi possível perceber que, por meio da apropriação dos discursos-mitos relacionados à cultura do estupro, as mulheres instauraram em seus enunciados zonas de tensão entre dizeres, caracterizando a ironia como discurso de resistência da mulher contra discursos machistas.ABSTRACT In this paper, we propose to analyze if, and how, irony serves as a zone of dialogue and tension among different voices/voicings presented as discourses of feminist resistance. To this end, our concept of language is based on discussions developed by the Bakhtin Circle on irony as a discursive strategy as well as considerations about what is known as the rape culture and myths related to it. Our corpus is comprised of anonymous, ironic comments made by women on Facebook posts, on spotted1 pages. The results of the data analysis show that, through the appropriation of the discursive-myths related to the culture of rape, women introduced, in their utterances, zones of tension between messages, characterizing irony as women's discourse of resistance against sexist discourse.

Documentos Relacionados