A INTERAÇÃO PROFESSOR-CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: Contribuições para o processo de auto-avaliação na Formação Docente

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Esta pesquisa se propõe avaliar o processo de interação professora-criança no tempo de brincadeira livre, buscando perceber, no professor, o aperfeiçoamento de qualidades que ampliam as possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem das crianças. Os referencias que embasam esta reflexão estão pautados em abordagens interacionistas. O foco central da reflexão volta-se para o papel do professor, enquanto sujeito mais experiente das relações em sala e provedor de situações significativas para o desenvolvimento infantil. Parte-se do pressuposto que a mudança das práticas interativas só poderá acontecer quando ele tomar consciência e refletir criticamente sobre as representações e emoções que alimentam e são alimentadas por essas mesmas práticas. Foram registrados em vídeo, transcritos e analisados nove episódios de interação entre uma professora (a própria pesquisadora) e as crianças por ela atendidas, durante o tempo de brincadeira livre, em duas turmas de Educação Infantil, nos meses finais de 2004 e durante o ano de 2005, perfazendo 110 minutos. Estes foram selecionados de um total de 3 horas de gravação, adotando-se como critério a qualidade do registro e a completude dos episódios. Foram analisados também os registros elaborados pela professora quando observou os vídeos pela primeira vez. Os diários da professora foram utilizados para esclarecer as situações, quando necessário. As categorias encontradas na análise forma agrupadas em duas grandes Unidades de Contexto: Preparação do Ambiente e Processos Interativos. Os eixos de análise utilizados para guiar a reflexão foram as três dimensões da qualidade de engajamento (Laevers,1994)[Sensibilidade, Estimulação e Autonomia]. Para compreender os comportamentos da professora, procurou-se também resgatar suas representações e conhecimentos na época em que as filmagens foram realizadas. A pesquisa mostrou que a interação professor-aluno em sala se inicia antes mesmo que a criança esteja presente, quando a professora organiza o ambiente. Em relação aos processos interativos propriamente ditos, foi observado que não existem fórmulas pré-determinadas para as ações da professora, mas que a existência de verdadeiras ações, capazes de criar zonas de desenvolvimento proximal e, portanto, situações de aprendizagem, dependem da capacidade da professora e da criança elaborarem uma intersubjetividade, ou seja, de compartilharem uma mesma interpretação da situação e dos objetos da interação. Isso exige que a professora coordene seus pontos de vista com os da criança, o que implica também o desenvolvimento de sua sensibilidade para sentir o que a criança está sentindo e identificar, em suas próprias sensações, os elementos que alertam para as inadequações na interação. Essa sensibilidade é necessária para que a professora reconstrua suas representações, sobretudo as que se referem às possibilidades de aprendizagem da criança em momentos de brincadeira livre e ofereça à criança a estimulação adequada para promover sua autonomia.

ASSUNTO(S)

interação professor-criança teacher-child interaction educação de crianças early childhood education teacher training auto-avaliação self-evaluation educação infantil educacao formação de professores

Documentos Relacionados