A influência do azul de metileno nas anastomoses intestinais submetidas à isquemia e reperfusão

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Introdução: A isquemia intestinal é uma das mais sérias alterações intra-abdominais, com morbidade e mortalidade extremamente elevadas. A reoxigenação dos tecidos isquêmicos, fundamental para o reparo tecidual, produz eventos inflamatórios deletérios, com conseqüências mais sérias que a isquemia propriamente dita. O azul de metileno, pela sua ação como inibidor da formação de radicais livres, poderia interferir favoravelmente no processo de cicatrização. Objetivo: Avaliar experimentalmente a influência do azul de metileno nas anastomoses intestinais de ratos submetidos à isquemia e reperfusão. Métodos: Utilizaram-se 45 ratos Wistar, machos, divididos em 3 grupos: controle, grupo isquemia sem o uso de azul de metileno e grupo isquemia com o uso de azul de metileno. Foram submetidos a laparotomia, com identificação e isolamento da artéria mesentérica cranial. Nos animais do grupo controle foi realizada enterotomia e anastomose intestinal sem nenhuma lesão prévia, enquanto nos grupos 2 e 3 ocorreu oclusão temporária, segmentar da artéria mesentérica cranial pelo tempo de 45 minutos. Passado tal período, foram instilados na cavidade peritoneal 2ml de azul de metileno a 0,5% estéril no grupo 2 e 2ml de solução salina isotônica estéril no grupo 3. Após a reperfusão, foi realizada enterotomia e anastomose intestinal, como no grupo controle. Realizou-se a eutanásia no 7. dia de pós-operatório, com anotações sobre alterações na cavidade abdominal e aferição das aderências perianastomóticas. A área da anastomose foi então ressecada para tomada de pressão de ruptura e estudo histopatológico. Resultados: Houve um óbito no grupo controle e seis óbitos nos grupos experimento. Devido ao grande número de aderência perianastomóticas, a tomada da pressão de ruptura só foi possível num número reduzido de casos. A presença de líquido livre ou abscesso na cavidade peritoneal foi raramente observada. Na avaliação da inflamação, entre os três grupos, o da isquemia sem o uso do azul de metileno apresentou escore mais elevado para as células monomorfonucleares (p=0,021) e tecido de granulação (p=0,044), em relação ao grupo controle e ao da isquemia com o uso do azul de metileno. Na comparação dos níveis de colágeno Tipo I e III não houve diferença significante. Conclusão: Observou-se maior freqüência de aderências perianastomóticas nos ratos submetidos à isquemia e ao uso do azul de metileno. Em relação aos parâmetros analisados, não foi possível afirmar efeito benéfico do azul de metileno na cicatrização das anastomoses intestinais submetidas à isquemia e reperfusão.

ASSUNTO(S)

cicatrização de feridas azul de metileno reperfusão (fisiologia) cirurgia

Documentos Relacionados