A ideologia 1964: os gestores do capital atrófico

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1998

RESUMO

A pesquisa visa à elucidação da ideologia bollapartista da autocracia burguesa produzida no período da vigência da ditadura militar (1964-1985), desde sua instauração por meio de um golpe de Estado, seus desdobramentos, até a configuração do processo de auto reforma. Trata-se de compreender os nódulos ideológicos centrais do "ideário da revolução de 1964", aqui denominada Ideologia 64, examinando os perfis próprios de cada general-presidente do ciclo militar, a fim de detectar os projetos que os especificam, buscando configurar a nucleação básica a esta forma de dominação autocrático-burguesa em nosso país. É interessante ressaltar que, desde o momento de sua instalação, o grupo castelista acenava para a impossibilidade da permanência de uma dominação violenta, sob a forma da excepcionalidade, para todo o sempre. Deste modo, é posta, desde as origens da ditadura militar, a possibilidade do trânsito para a consolidação institucional dos projetos de 64, concepção que aparece nos discursos e escritos de Castello Branco, Golbery do Couto e Silva, Cordeiro de Farias, Geisel, que professavam o pensamento do "grupo da Sorbonne". São discursos oficiais, pois, que delinearam políticas gerais e específicas, que afetaram a vida da nação em seu conjunto. A Ideologia 64 manifesta nos discursos governamentais, por sua própria natureza, implica em concepções, propostas e programas que intentavam moldar a totalidade da vida social, a seu modo de ver, desde a estruturação da organização do sistema produtivo e suas relações com o financiamento externo, o tipo de comportamento político, subordinando o parlamento à lógica do executivo, assim como . restringindo a liberdade de pensamento, de livre manifestação e organização, mas, fundamentalmente, objetivando o cerco à resistência democrática de massas, tendo a excepcionalidade como regra constitucional e a tortura como violência edificante, com a finalidade de reprimir, desorganizar e atemorizar os trabalhadores do campo e da cidade, para a objetivação de um novo ciclo de acumulação subordinada. Aliado a isso, reunimos uma literatura específica sobre o período histórico demarcado, esforços teóricos que buscaram a compreensão das manifestações da forma autocrática da dominação dos proprietários em nosso país, bem como, das resistências e lutas levadas contra o governo pró-monopolista, anti-popular e antidemocrático do capital atrófico. Os embates entre as duas principais vertentes do bonapartismo se expressaram no binômio i desenvolvimento e segurança. O medicismo, de um lado, objetivando a construção da grande potência pela aliança de crescimento econômico acelerado com terrorismo oficial e, na outra ponta, o castelismo, que visava a mesma edificação só que com uma espécie de democracia regulada para a consolidação do capitalismo associado. Ao cabo da pesquisa, as pontas da Ideologia 64 - que efetivariam um capitalismo sem desigualdades,sem antagonismos, sem confrontos,liberto da subversão e da corrupção -, transformando-se num Brasil grande potência, redundou num enorme fracasso. A corrupção adquirira formas renovadas, utilizando-se do próprio poder militar, e a subversão mudara de lado: a crise do "milagre econômico brasileiro", o capital como subversão do próprio capital

ASSUNTO(S)

brasil -- historia -- 1964-1985 castelismo brasil -- politica e governo -- 1964-1985 historia brasil -- historia -- revolucao, 1964 democracia relativa autocracia burguesa ditadura militar

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