A identificação e o diagnostico precoces de sinais de risco de autismo infantil

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

Este trabalho de pesquisa vai ao encontro de uma das formulações que vicejam no campo da Saúde Mental, através da qual pode-se pensar que se uma criança, em seus primeiros anos de vida, puder ser aliviada do peso de seus primeiros sintomas antes da fixação ou do deslocamento dos mesmos, ela estaria em melhores condições para enfrentar uma vida. Esta proposição adquire maior densidade ao considerar a existência de condições significativamente incapacitantes inerentes ao adoecer autístico. No presente trabalho busca-se investigar a viabilização de dispositivos técnicos que permitam a execução do processo de identificação e de diagnóstico precoces de sinais de risco de autismo infantil, em crianças abaixo de três anos de idade. Empregou-se o método psicanalítico para a realização da pesquisa bem como para a análise dos resultados encontrados. Durante a etapa de identificação inicial dos sujeitos, fez-se necessário a criação de um instrumento específico que viabilizasse a detecção de crianças com sinais de risco de evolução autística, mediante as dificuldades em encontrá-las. A construção do instrumento denominado de "Ficha de Acompanhamento do Desenvolvimento Infantil" teve como parâmetro fundamental os sinais precoces de autismo infantil, conforme descritos na literatura psicanalítica, e a idade em que estes costumam ocorrer. O instrumento compõe-se de quatro escalas, divididas em faixas etárias que vão de zero a trinta meses, tendo as mesmas sido submetidas ao tratamento estatístico de análise fatorial do Statistical Package for Social Science (SPSS), após sua aplicação em larga escala. A pesquisa foi subdividida em duas etapas. A primeira etapa consistiu na aplicação do Instrumento tendo em vista a identificação inicial. Na segunda etapa procedeu-se a realização de, pelo menos, quatro sessões de observação diagnóstica da criança e de seus familiares, com duração média de uma hora, utilizando-se a técnica de Intervenções Conjuntas Pais- Filhos formulada por M. Mélega, baseada no Método de Observação da Relação Mãe - Bebê de Esther Bick. Este processo de observações diagnósticas foi realizado com quatro sujeitos que apresentaram resultados significativos na aplicação do Instrumento. Procedeu-se a análise dos resultados dos quatro sujeitos através da articulação qualitativa entre as respostas ao Instrumento e o material transcrito das observações diagnósticas. Esta articulação resultou na configuração de três eixos norteadores da análise e que são, ao mesmo tempo, fundamentais para a constituição do sujeito psíquico: o olhar, o corpo e a palavra. Para a análise, também considerou-se a história e o lugar que a criança ocupa na rede afetivo - familiar. A partir de todos estes elementos pôde-se mapear os diferentes matizes psicopatológicos em que se encontravam os sujeitos. Concluiu-se que, mediante as estratégias empregadas nesta pesquisa, foi possível executar a identificação e o diagnóstico precoces em crianças pequenas, possibilitando que os sujeitos se inserissem, com um grau significativo de adesão, em um trabalho de intervenção terapêutica precoce. Os resultados também apontam para a viabilidade de inserção desta estratégia de detecção precoce de sofrimento psíquico no serviço público de saúde, conjugando-se com o atendimento clínico preventivo em puericultura

ASSUNTO(S)

autismo em crianças - estudo de casos psicopatologia infantil psicanalise infantil saude mental

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