A "grande política"

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. Nietzsche

DATA DE PUBLICAÇÃO

2015-12

RESUMO

Resumo Este artigo oferece uma discussão sobre o legado crítico em torno da noção de grande política na obra de Nietzsche, questão que foi dominada por três posições: 1) Nietzsche é reduzido a um ironista subjetivista, não se atribuindo a ele nenhuma (ou pouca) relevância na teoria política; 2) ou bem é estigmatizado como precursor intelectual dos totalitarismos políticos; 3) ou bem pode apresentar-se como um genuíno pensador político, para além dos totalitarismos e capaz de fecundar algumas concepções democráticas da vida política. Nesse último aspecto, apesar das críticas de Nietzsche à modernidade e à democracia, é possível vê que sua obra defende a noção de uma democracia radical, dado o caráter antidogmático e perspectivista, que se mostra na defesa do caráter agonístico de toda relação de poder. Com efeito, porque há uma contingência insuperável de perspectivas particulares em busca de hegemonia, não se pode falar em nome de nenhum "grande outro" (Deus, Razão, homem, Nação). Por fim, advoga a noção de uma hermenêutica genealógica, que descobre a força de onde emerge a atividade fundamental: o interpretar transvalorador. Nessa transvaloração está inscrito um momento de domínio, que impulsiona o giro político da última fase do pensamento nietzschiano, inspirado na "fisiologia do poder", e que instaura o que Nietzsche denominou a "grande política".

ASSUNTO(S)

grande política democracia transvaloração hermenêutica vontade de potencia

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