A geografia histórica de Iguatu-CE: uma análise da cultura algodoeira de 1920 a 1980. / La géographie historique de Iguatu-CE: une analyse de la récolte de coton de 1920 à 1980.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

11/02/2011

RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo contribuir para a leitura da Geografia Histórica do município de Iguatu, localizado no estado do Ceará - Brasil, tendo como enfoque a cultura algodoeira. Esta atividade foi, por mais de um século, uma das principais atividades econômicas do Ceará, até a sua crise nos anos de 70 e 80 do século XX. Responsável em peso pela integração e organização territorial do Ceará, a atividade algodoeira, junto à pecuária, foi capaz de gerar um excedente de capital interno, que, aliada também a fatores políticos, delineou uma industrialização para além das oficinas de charque. A cultura algodoeira constituiu uma ruptura-permanência na história de Iguatu, o que criou um excedente de capital e permitiu o desenvolvimento de indústrias de beneficiamento de algodão, a criação de um proletariado fabril e o desenvolvimento de serviços urbanos. Essa conjuntura tornou mais complexas as relações sociais de produção, pautadas nas relações de produção de cunho não capitalistas estabelecidas no campo como as parcerias, as meias e o arrendamento da terra. O presente trabalho está estruturado em três capítulos: O primeiro capítulo, intitulado Debates acerca da Geografia Histórica e da Geo-história: elementos para a análise espaço-temporal, reflete sobre a importância da análise histórica para a ciência geográfica, fazendo-se a diferenciação entre o olhar do geógrafo e do historiador sobre o estudo das formações territoriais. Além disso, realizou-se um debate teórico sobre a Geografia Histórica e a Geo-história, enfatizando a contribuição de autores como Braudel e Harvey, na análise do espaço. No segundo capítulo, nomeado A formação territorial de Iguatu no contexto da história econômica do Ceará, foi evidenciado o desenvolvimento territorial de Iguatu no contexto das principais atividades econômicas do Ceará: o conhecido binômio gado-algodão. É abordado, ainda, o papel das estruturas políticas e religiosas no processo de formação territorial e de emancipação política de Iguatu. Neste capítulo, em específico, são discutidas determinadas relações - políticas, culturais, sociais e econômicas - existentes no século XIX e que permearam o período áureo do algodão no século XX. Daí a importância da literatura de Braudel sobre a longa duração e o tempo da conjuntura. O terceiro capítulo, denominado A cultura algodoeira em Iguatu, trata, de forma mais aprofundada, o cerne da atividade algodoeira, cuja discussão discorre sobre o processo de acumulação de capital, pautado em processos não capitalistas de produção, sobre as relações sociais de produção, sobre a divisão interna do trabalho na indústria de beneficiamento de algodão e sobre a espacialização da produção algodoeira em diversas escalas. Assim, a contribuição para o entendimento das relações socioespaciais estabelecidas pela cultura algodoeira em Iguatu revela-se na importância da análise geográfica de um capítulo da história da formação territorial do Ceará.

ASSUNTO(S)

geografia histórica cultura algodoeira acumulação de capital iguatu espaço geografia géographie historique culture cotonnière accumulation de capital iguatu espace

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