A filosofia dionisÃaca de Nietzsche: supressÃo da metafÃsica e pathos afirmativo / The Dionysian philosophy: suppression of metaphysics and pathos affirmative

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O objetivo do presente trabalho consiste na investigaÃÃo da concepÃÃo da filosofia dionisÃaca apresentada por Friedrich Nietzsche em seus escritos finais. O filÃsofo alemÃo lanÃa a noÃÃo de dionisÃaco, ao lado da noÃÃo de apolÃneo, em seu primeiro livro publicado, a saber, O nascimento da tragÃdia (1872). Nesta obra hà uma influÃncia direta da mÃsica de Wagner e da filosofia de Schopenhauer nas principais concepÃÃes teÃricas, surgindo, assim, uma âmetafÃsica de artistaâ, pois a vida, na concepÃÃo de Nietzsche, sà pode ser justificada enquanto fenÃmeno estÃtico. Desde a obra Humano demasiado humano (1878), o conceito de dionisÃaco desaparece dos textos nietzschianos, inclusive nos fragmentos pÃstumos, retornando apenas na chamada âterceira faseâ do autor, ou seja, a partir de Assim falou Zaratustra (1883), sà que agora sob uma nova abordagem: Nietzsche desvencilha-se completamente de Wagner e Schopenhauer, nÃo trabalha sob uma metafÃsica de artista e nÃo necessita mais da noÃÃo de apolÃneo. Com o pensamento mais maduro, o filÃsofo alemÃo lanÃa sua filosofia dionisÃaca com a proposta de ser totalmente livre da metafÃsica ao mesmo tempo em que afirma irrestritamente a existÃncia. Para isso, à necessÃrio, primeiramente, transpor o dionisÃaco em pathos filosÃfico. Nietzsche utiliza a sabedoria trÃgica como principal instrumento para tal transposiÃÃo, pois, apenas assim, pode-se falar em filosofia dionisÃaca. Entendendo a sabedoria trÃgica nÃo como um conhecimento teÃrico, mas como a compreensÃo e aceitaÃÃo da luta incessante que permeia todos os Ãmbitos da vida, Nietzsche pode declarar-se o primeiro filÃsofo trÃgico. E, para nÃo cair num pessimismo que deprecie a vida, devido o seu carÃter de luta sem trÃgua, o filÃsofo utiliza a noÃÃo de jogo. Com esta noÃÃo, o homem instaura sentido ao vir-a-ser, pautando-se como supremo criador. Deste modo, a imagem da crianÃa à o exemplo do mais hÃbil jogador, pois se entrega inexoravelmente sem se preocupar com vitÃrias ou derrotas: o importante à jogar. Assim, abre-se o caminho para entender a filosofia dionisÃaca sem pressupostos metafÃsicos. A metafÃsica, para Nietzsche, se articula com a duplicaÃÃo de mundos: um âmundo verdadeiroâ à concebido como condiÃÃo do âmundo aparenteâ. Tendo a vontade de verdade como modus operandi, a metafÃsica criou mendazmente um mundo fixo e imutÃvel para justificar o fluxo proveniente do vir-a-ser. Isso acarreta, segundo a visÃo nietzschiana, a negaÃÃo da efetividade, pois, ao privilegiar o mundo verdadeiro, nega-se o mundo aparente, Ãnico Ãmbito no qual o fenÃmeno vida à possÃvel. Com a concepÃÃo do eterno retorno do mesmo, Nietzsche atinge um pensamento sem dualidades metafÃsicas, superando tambÃm a dicotomia instante/eternidade. Para a tradiÃÃo metafÃsica, a eternidade sempre foi transcendente ao instante, com o eterno retorno, eternidade e instante passam a ser equivalentes, ou seja, o instante à concebido como eterno. E, para atingir a afirmaÃÃo suprema do eterno retorno, Nietzsche dispÃe da noÃÃo de amor fati como sendo a grande fÃrmula para o Sim, ou seja, da afirmaÃÃo irrestrita tanto da alegria e do prazer, quanto da dor e do sofrimento. Neste sentido, podemos compreender a filosofia dionisÃaca, proposta por Nietzsche em seus Ãltimos escritos, enquanto supressÃo total da metafÃsica e pathos afirmativo por excelÃncia.

ASSUNTO(S)

filosofia filosofia dionisÃaca sabedoria trÃgica metafÃsica eterno retorno amor fati filosofia alemà nietzsche, friedrich wilhelm, 1844-1900 - crÃtica e interpretaÃÃo dionÃsio (divindade grega) tragÃdia tempo (filosofia) matÃria dionysian philosophy tragic wisdom metaphysics eternal recurrence amor fati

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