A Fiesp na década neoliberal (1990-1999)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP é uma entidade sindical de grau superior com sede e foro na Capital do Estado de São Paulo, constituída para fins de coordenação e proteção das categorias econômicas pertencentes ao ramo da indústria na base territorial do Estado de São Paulo. A atuação da Fiesp, durante o período de 1928 a 1989, caracterizou-se por lutas em favor da defesa do mercado interno, com igualdade de tratamento, tanto para as indústrias nacionais, quanto para as estrangeiras já estabelecidas no país. Durante o período de agosto de 1989 a julho de 1998, correspondente às gestões de Mário Amato (2, mandato) e Carlos Eduardo Moreira Ferreira (1. e 2. Mandatos), a Fiesp em suas publicações, manifestações e atos públicos aderiu nitidamente ao ideário do neoliberalismo, contrariando esse passado. O propósito desta Tese é averiguar se a Fiesp, ao eleger o neoliberalismo como teoria crítica da ação da classe industrial brasileira em São Paulo, contrariando o seu passado que foi alinhado com o intervencionismo protecionista, estava de um lado teoricamente correta e, de outro, se através dessa nova crítica conseguiu desempenhar o seu papel de intelectual orgânico coletivo da classe industrial brasileira, logrando preservar a posição que a classe industrial brasileira já desfrutava na economia nacional. Para avaliar a consistência teórica e histórica do modelo neoliberal foi ele interpretado como a resultante de um debate que se realiza há mais de duzentos anos entre as duas principais escolas do desenvolvimento econômico: a liberal e a intervencionista. Concluiu-se desse retrospecto que o liberalismo e o neoliberalismo nunca tiveram eficácia para levar ao desenvolvimento industrial as nações que o adotaram. Todas as nações do primeiro mundo e até a Coréia do Sul atingiram o desenvolvimento através de práticas que coincidem com as propostas do economista Friedrich List, das quais fizemos uma síntese, que passou a ser o nosso referencial teórico para a crítica da atuação neoliberal da Fiesp, nesse período. Nossa conclusão foi a de que a Fiesp ao adotar o neoliberalismo como sua crítica e ao agir em função dele, não conseguiu cumprir o seu papel de intelectual orgânico coletivo da classe industrial nacional, levando-a a perder a posição que desfrutava na economia nacional, transformando-se em co-partícipe da acentuada desnacionalização da indústria nacional, decorrente da falência ou venda forçada ao capital estrangeiro, de inúmeras indústrias nacionais, ocorridas nesse período. Na gestão de Horácio Lafer Piva (a partir de agosto de 1998) ocorre um retomo às reivindicações do período anterior, assumindo a Fiesp o seu papel de defesa da indústria nacional, conseguindo sobrestar o processo de desnacionalização da indústria sem, todavia, revertê-lo. Todavia, nessa gestão ocorre um apoio indireto à desnacionalização cultural do Brasil, permitindo-se que se instale no Edifício sede da Fiesp, uma Gibiteca, com enormes figuras dos heróis de histórias em quadrinhos norte-americanos, estampadas nos vidros divisórios dessa Gibiteca, que é interpretada como inadequada para se estimular no povo um comportamento social, nacionalista, que leve à defesa da indústria nacional

ASSUNTO(S)

ciencias sociais aplicadas federacao das industrias do estado de sao paulo liberalismo

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