¿A escrita na escola primária¿ : repercussões da obra de Orminda Marques nas décadas de 30 a 60 do século XX

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2012

RESUMO

O estudo, inspirado nos pressupostos da História Cultural, se insere no campo da História da Educação e tem como objetivo problematizar em que medida a obra de Orminda Marques, tomada como um marco histórico do ensino da escrita no Brasil e por se constituir em um instrumento de divulgação dos preceitos da Escola Nova em nosso país, persistiu, por mais de três décadas após sua publicação, como referência para a formação de professores. Orminda Isabel Marques nasceu em 19 de dezembro de 1887 no interior do Rio de Janeiro, ingressou na Escola Normal em 1904 na capital do Estado e em março de 1932 assumiu a direção da Escola Primária do Instituto de Educação do Distrito Federal. Neste instituto a educadora dedicou-se à realização de um estudo da boa escrita, entre os anos de 1933 e 1936. Para demonstrar sua importância, a pesquisa empírica se vale de documentos que representam as publicações baseadas no referido estudo, tanto no periódico Arquivos do Instituto de Educação (1934 e 1936), quanto no livro de sua autoria, A escrita na escola primária (1936), bem como a coleção de cadernos de caligrafia Escrita Brasileira (1940-1960), também elaborada pela autora. Além disso, são tomados como documentos de pesquisa impressos que se valem das publicações de Orminda Marques como referência, tais como manuais de linguagem de diversos autores e de circulação nacional, artigos sobre o ensino da escrita publicados na Revista do Ensino (RS) nas décadas de 50 e 60 e comunicados dos anos 1963 e 1967 elaborados e emitidos pelo Centro de Pesquisas e Orientação Educacionais do Rio Grande do Sul (CPOE/RS). Nestes documentos foram identificadas, de modo geral, as seguintes aproximações com as proposições de Orminda: referências ao sistema muscular por meio da recomendação do trabalho com o ritmo, utilizando o jogo, a música e a contagem para o desenvolvimento dos movimentos caligráficos; apresentação dos objetivos a serem alcançados no ensino da escrita ¿ legibilidade e velocidade ¿ e a verificação da aquisição destas características; ecos dos princípios da Escola Nova, em especial, na incorporação da motivação no ensino, na valorização dos interesses da criança e sua centralidade no processo de ensino-aprendizagem. O estudo concebe que tais aproximações consistem em repercussões da obra da autora no tempo a partir da reflexão sobre os conceitos de produção, circulação e apropriação do texto. Deste modo, tem como aporte teórico estudos sobre a história do livro e da leitura, particularmente do pesquisador francês Roger Chartier, a fim de refletir sobre as intencionalidades dos autores, a materialidade dos impressos, e os modos de ler estes materiais. Constata que as proposições disseminadas por Orminda Marques nos anos 30, efetivamente repercutiram até pelo menos os anos 60 do século XX. Seu texto, produzido em um contexto de crescentes pesquisas no campo educacional e fundamentado nos princípios escolanovistas, circulou entre o professorado em formação e igualmente entre os professores em exercício, e foi apropriado não somente por educadores-leitores, mas também por educadoresautores.

ASSUNTO(S)

história da educação historia de la educación escrita la enseñanza de la escritura caligrafia caligrafía professor formación de profesores formação marques, orminda isabel

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