A ESCLERECTOMIA PROFUNDA NÃO PENETRANTE COMO FORMA DE PREVENÇÃO SECUNDÁRIA DA CEGUEIRA PELO GLAUCOMA E SEU IMPACTO NA SAÚDE COLETIVA: UM ESTUDO DE CUSTO-EFETIVIDADE

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O glaucoma é considerado pela Organização Mundial de Saúde como a principal causa de cegueira irreversível no Brasil e no mundo. A forma mais comum, o glaucoma primário de ângulo aberto, tem bases genéticas, portanto sua prevenção primária ainda é inviável do ponto de vista prático. As principais ações para evitar a progressão para cegueira estão voltadas para sua prevenção secundária (diagnóstico precoce e tratamento eficaz). O principal fator de risco para a progressão da doença é a hipertensão ocular. Nos pacientes glaucomatosos, a pressão intra-ocular (PIO) se eleva por uma obstrução parcial e gradativa da via de escoamento do humor aquoso no olho, chamada trabeculado. O tratamento do glaucoma pode ser realizado através de colírios, laser ou cirurgia. Dentre as diferentes técnicas cirúrgicas, a esclerectomia profunda não penetrante (EPNP) aparece como alternativa à clássica trabeculectomia, tendo como objetivos o controle da PIO e a redução das complicações intra e pós-operatórias presentes na trabeculectomia. O envelhecimento da população mundial requer uma alocação custo-efetiva de recursos no tratamento e no controle do glaucoma. Com a previsão do aumento da incidência e da prevalência do glaucoma no futuro, o impacto econômico aumentará significativamente. O objetivo deste estudo é avaliar o impacto da EPNP na saúde coletiva como forma de prevenção da cegueira pelo glaucoma, através da análise de seus resultados (efetividade e complicações) e através do cálculo da relação de custo-efetividade para o Sistema Único de Saúde (SUS) em uma série de 228 casos operados, com 5 anos de acompanhamento. Comparou-se o resultado com a relação custo-efetividade dos análogos de prostaglandinas (isoladamente e em associação com o Timolol ou com o Cosopt). A EPNP apresentou taxas de sucesso comparáveis às encontradas na literatura (68,42% para PIO <18 mmHg sem medicação) com poucas complicações intra e pós-operatórias. A complicação mais freqüente foi a fibrose da bolha de filtração, ocorrida em 20,6% dos casos, comparável a estudos prévios. O custo para se obter uma redução de 1% da PIO ao final de 5 anos foi R$ 28,54 para a EPNP. O mesmo custo para os medicamentos variou de R$ 58,65 até R$ 129,85. A economia para o sistema de saúde pode chegar a até 78,02%. As repercussões, em termos de saúde pública, dos resultados obtidos são discutidas e analisadas

ASSUNTO(S)

custos glaucoma filtering surgery glaucoma costs cirurgia filtrante saude coletiva

Documentos Relacionados