A educação especial na rede publica estadual de Belo Horizonte : redescobrindo Helena Antipoff

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1997

RESUMO

Este estudo tem como objetivo compreender as causas da segregação nas Escolas Especiais da rede pública estadual de Belo Horizonte, ou melhor, o seu isolamento, enquanto instituição, mantendo uma educação paralela. Enquanto permanece como instituição fechada, como um LUGAR, especialistas e demais profissionais exercem um poder sobre os deficientes, ou desviantes, de natureza autocrática e patemalista, principalmente em se tratando dos deficientes mentais. Esse poder se manifesta de diferentes formas, incluindo a política institucional, o tipo de tratamento a que serão submetidos os "clientes", não só em termos clínicos, como também educacionais, implicando uma modalidade de instituição que, ao mesmo tempo que se preserva como tal, garantindo uma nova geração de deficientes e especialistas, controla esses indivíduos para que fiquem em seu "lugar" - à margem da comunidade - e não ameacem a estabilidade do sistema. Nesse contexto, são avaliados dois momentos históricos aparentemente divergentes - décadas de 30 e de 80 ., mas que na verdade convergem, especialmente no que se refere ao explícito compromisso com a mudança. Um compromisso que na área educacional se manifesta na prática educativa que absorve os ideais políticos desses dois momentos históricos. A década de 30 é rememorada a partir dos elementos que são levantados no próprio ambiente educacional de Escolas Especiais de hoje, que neste trabalho dão direção e movímento ao texto histórico. Enquanto institucionalizadora da Educação Especial em Minas Gerais, a década de 30 tem em Francisco Campos o personagem idea1izador de uma mudança, a qual prevê uma dinâmica de democratização do ensino, mas traz implícita em seu processo os critérios de seletivídade no interior da escola. Outro personagem que se destaca é a psicóloga Helena Antipoff, que nesse cenário desempenha um papel de protagonista, uma vez que foi ela quem implantou e implementou a Reforma do Ensino Público em Minas Gerais. Esses personagens, nesse momento histórico, encontram na filosofia da Escola Nova todo o embasamento de que precisavam para fazer valer a mudança, pretendida na época. O papel de Antipoff se define melhor através de concepções tidas na época como "revolucionárias", no entanto apropriadas à construção de um arquétipo de Escola Especial. Quanto à década de 80, nela se destaca um movímento . o I Congresso mineiro de Educação - que, pautando-se também em ideais democráticos, buscou uma renovação da prática educativa. Através dessa renovação, procurou-se atingir o sistema educacional como um todo, de forma tangencial a Educação Especial, a qual se vê incrustada de assistencialismo e protecionismo, o que a impede de exercer uma pedagogia integradora. Assim, é implantada uma "Nova" Política de Educação Especial, através da qual se procurou desmontar uma estrutura já consolidada, não só em termos de conceitos e formas de educar, mas também em relação a toda cultura organizacional da escola. Entretanto, isso não aconteceu. Percebe-se que existem impedimentos em vírtude do já construido; melhor dizendo, há a constatação da influência que o passado exerce no movimento da Educação Especial. Embora esse passado não seja mencionado, as ações que dele emanam e a ele estão incorporadas dificultam hoje vísões mais abertas. O papel de Helena Antipoff, neste cenário, mereceu destaque especial, uma vez que é nas idéias dela que ainda hoje se apoiam as estruturas da Escola Especial em Minas Gerais

ASSUNTO(S)

educação especial - belo horizonte escolas especiais para deficientes escolas publicas - belo horizonte

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