A doutrina de Mary Parker Follett : algumas implicações na escola

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1976

RESUMO

O presente trabalho oferece os resultados de estudo elaborado em duas etapas, sobre um mesmo tema, em um dupla abordagem e que traduzem dois momentos significativos da evolução ou "revolução" intelectual por que passou quem o empreendeu. O estudo inicial foi colocado sob o foco de uma tentativa de evidenciar os determinantes da gênese psico-pedagógica de uma atitude disciplinada, com vista a oportunizar uma postura desejável de maneira a se obter aquele comportamento coletivo que constitui a expectativa dos que planejam e executam as tarefas formativas da educação, em uma instituição de ensino. Analisaram-se os componentes envolvidos na dimensão da "atitude disciplinada", com a finalidade de se identificarem as diferentes "categorias" de indisciplina, com base em seus indicadores, dentro do processo educativo, tendo em vista seus agentes mais próximos: o aluno, sua família e a escola, como organização, sob o prisma da administração escolar. Esta foi a primeira abordagem, vivenciada em 1973 e 1974. Este trabalho exigiu muito esforço e recursos materiais que só se justificam pela "evolução", ou melhor, pela "revolução" realizada na presente tese e no próprio redimensionamento das tarefas nesta área, que significativamente passaram a se constituírem em um segundo momento, como se verá logo a seguir. A segunda etapa desenvolveu-se redimensionamento da primeira abordagem. teve, através do trabalho realizado, foi ação de "disciplina-indisciplina" evidenciava com vistas a um A sensação que se a de que a concebe uma visão inadequada por parte daqueles envolvidos no "processo formativo", do qual a "atitude disciplinada" é resultado e não caminho. Partiu-se de várias "crenças". A disciplina envolve-se e identifica-se com todas as formas de expectativas desejáveis, apontadas carno meta de ação educativa. Ainda mais: disciplina não se impõe, propõe-se; não se exige, espera-se; não se cobra, recebe-se. A disciplina não pode ser considerada c_ mo um "produto final acabado" e estático, nem como um "estereótipo" que pune as violações dos códigos de posturas sociais. Com base nestes pressupostos, disciplina não é meio, nem instrumental, nem condição prévia, e sim um resultado, cuja essência se traduz melhor ao se concebê-la como processo em continuidade, gradativo e progressivo. Sendo processo ela nunca termina: acompanha o devir dos indivíduos. É um exercício pessoal que se inicia na infância, sofre os percalços da anomia, passa pelas deformações da heteronomia, para ganhar o redimensionamento da autonomia consciente e responsável. Considerando-se a escola, disciplina envolve os determinantes significativos e inconscientes do psiquismo de cada aluno, de cada professor, de cada funcionário, de cada pai, de todos os "ool61as" em uma interação "sui generis", difícil de ser enquadrada nos parâmetros organizacionais do "sistema normativo" vigente. As reflexões que brotaram do trabalho empreendido configuraram a necessidade de se pensar profundamente na proposição e redimensionamento da organização escolar, na qual se coloca a exigência de condições propícias ao estabelecimento de um modelo participativo, que possibilite a toda unida de escolar gerar sua própria força de condução. Na escola, como uma instituição social, não se d_ ve conceber a existência de uma única autoridade, que resolva administra-la, sem atentar para as muitas repercussões de sua atuação, pois há todo um processo de interação envolvendo as mútuas reações dos comportamentos dos indivíduos. Acontece, porém que a convivência e o relacionamento entre os que compõem uma organização é um problema delicado e difícil: há diferenças entre os indivíduos, muitas vezes traduzidas em hostilidades de professores contra profess2 res, funcionários contra funcionários, alunos contra alunos, motivadas por divergências em torno de toda sorte de problemas (posições filosóficas, políticas, pedagógicas,etc.), tentando cada indivíduo ou grupo demonstrar ou desacertos do comportamento do outro. Esta foi a "evolução" porque passou a autora desta tese, que confessa sua perplexidade diante de dados quantitativos, anteriormente recolhidos: "está faltando algo" na unidade escolar, identificável com o próprio processo formativo que transcende as limitações de qualquer concepção restrita de disciplina, para fazê-la coincidir com a própria vida de todos, em uma realidade totalizante e abrangente, que deve ser a escola, sem descontinuidade, mas colocada na vida de cada um como apenas uma etapa, entre muitas, do grande treino para a democracia; e este foi o clímax a que se chegou. Daí surgiu a necessidade de se pensar em uma organização e colar capaz de ensejar uma nova dimensão da atitude disciplinada, naturalmente com o embasamento de algum corpo doutrinário. Pensou-se, pois, em proporcionar uma contribuição nesse sentido. Para tal, resolveu-se encetar essa seguida etapa do trabalho, isto é, pesquisar princípios de organização que satisfizessem tal propósito

ASSUNTO(S)

escola - organização e administração mary follett

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