A dor do parto: uma leitura fenomenolÃgica dos seus sentidos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Este trabalho teve a intenÃÃo de dar voz Ãs mulheres que vivenciam o parto e a dor. Utilizando o mÃtodo qualitativo, a pesquisa foi realizada com cinco mulheres, e buscou apreender os sentidos da dor do parto, antes, durante e depois da respectiva vivÃncia. A escolha pela postura fenomenolÃgica, como metodologia, deveu-se pelo carÃter subjetivo do fenÃmeno doloroso do parto, e pela historicidade que circunda a vivÃncia. Esta postura tambÃm permitiu aproximar o mundo da vida do mundo da ciÃncia, esquecido por esta. Para capturar os sentidos, utilizou-se as expressÃes grÃfica, escrita e oral. TambÃm foram realizadas observaÃÃes de campo, durante o parto, com o intuito de complementar e enriquecer as reflexÃes. A pesquisa mostrou que a vivÃncia parturitiva à permeada pelo paradoxo do âparto realâ e do âparto idealâ, constituindo os sentidos, compreendidos como: âparto compartilhadoâ, como uma forma de garantir a seguranÃa e a tranqÃilidade da vivÃncia; como âparto ameaÃadorâ, pela imprevisibilidade do seu desfecho, pela probabilidade de atendimento profissional negligente e pela inevitabilidade da temida dor; como âparto estÃticoâ, na tentativa de resgatar a vivÃncia espontÃnea, busca-se pelo maior controle e empoderamento feminino. A vivÃncia do parto tambÃm se mostrou intimamente relacionada à percepÃÃo dolorosa, constatada pela expressÃo espontÃnea do medo diante da sua possibilidade. A vivÃncia da dor do parto, tambÃm, mostrou ser permeada por paradoxos, entre eles: âa funÃÃo subjetiva e naturalâ, âa funÃÃo de sofrimento e prazerâ, e a ânatureza profana e sagradaâ. Estes, por sua vez, favoreceram a significaÃÃo do sofrimento e da dor do parto, na existÃncia humana: a dor como âmecÃnica do corpo e dinÃmica do partoâ, como âvinculaÃÃo com o outro e valorizaÃÃo da vidaâ; e como âremissÃo dos pecados e emancipaÃÃo do serâ, correspondendo, respectivamente, aos paradoxos expressados. Diante da vivÃncia revelada, surgiram algumas estratÃgias utilizadas pelas mulheres para transpor a experiÃncia da dor do parto: âsubmeter-seâ e âsilenciar-seâ, diante das regras sociais e institucionais impostas, como tambÃm, diante das relaÃÃes histÃrico-culturais de gÃnero e de poder, presenciadas durante a internaÃÃo hospitalar. Estas estratÃgias levaram à reflexÃo quanto à atitude submissa ou de enfrentamento. Outra estratÃgia surgida foi a de âabrir-seâ, numa postura de entregar-se à vivÃncia, do jeito que se apresenta. Assim, a mulher consegue manter a integridade tecidual e existencial, na sua totalidade. E, diante de uma atitude existencial saudÃvel, renova suas possibilidades de existir no mundo e desenvolve suas potencialidades. Aqui, a dor do parto pode ser vivenciada de maneira integradora, aberta ao outro e ao mundo

ASSUNTO(S)

psicologia fisiologica dor do parto childbirth and phenomenology labor pain parto (obstetrÃcia); dor; fenomenologia; prazer trabalho de parto e fenomenologia

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