A diminuição da perfusão e o dano isquêmico do subendocárdico resultam em disfunção do ventrículo esquerdo na fase aguda da fístula aorto-cava / Low myocardial perfusion and subendocardial ischemia result in left ventricular dysfunction during the acute phase of aortocaval fistula

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/12/2011

RESUMO

Recentemente demonstramos o desenvolvimento de fibrose na região subendocárdica (SE) do ventrículo esquerdo (VE) em resposta a sobrecarga de volume na fístula aorto-cava (FAC) crônica. A pressão de perfusão coronariana (PPC) associou-se com fibrose SE e com disfunção do VE subsequentes, sugerindo ser o hipofluxo um dos mecanismos envolvidos no remodelamento ventricular.O remodelamento agudo do VE após FAC ainda é desconhecido. O objetivo deste estudo foi investigar a perfusão e o remodelamento cardíaco nas fases agudas após FAC e as possíveis implicações resultantes sobre a função do VE. Ratos Wistar foram submetidos a cirurgia fictícia (sham) ou a FAC e examinados em 3 períodos de seguimento: 1, 3 e 7 dias. Medidas hemodinâmicas sistêmicas e do VE foram realizadas para calcular a PPC e determinar a função do VE. Cortes teciduais do coração foram submetidos à coloração com HE e Sirius red. A necrose de miócitos, o infiltrado leucocitário e a fração de volume de colágeno foram determinados. O fluxo miocárdico, estimado por microesferas coloridas, a atividade de mieloperoxidase (MPO), a expressão de citocinas e a atividade de metaloproteinase-2 (MMP-2) foram determinados ao final de cada seguimento, todos examinados em duas regiões distintas do VE: SE e não SE. Comparados a sham, os grupos FAC apresentaram (média ± desvio-padrão, P <0,05) menores pressões sistêmicas no dia 1 (PAS: 116±6 vs. 88±17; PAD: 84±13 vs. 51±19 mm Hg/s), no dia 3 (PAS: 121±4 vs. 83±28; PAD: 92±5 vs. 46±21 mm Hg/s) e no dia 7 (PAS: 122±6 vs. 96±21; PAD: 93±6 vs. 66±21 mm Hg/s); maior pressão diastólica final do VE no dia 1 (7±3 vs. 15±6 mm Hg/s), no dia 3 (7±3 vs. 18±3 mm Hg/s) e no dia 7 (7±3 vs. 18±5 mmHg/s); menor PPC no dia 1 (77±14 vs. 37±18 mmHg/s), no dia 3 (86±5 vs. 29±20 mmHg/s) e no dia 7 (86±6 vs. 48±19 mmHg/s). Menor função sistólica e diastólica do VE no dia 1 (+dP/dt: 7898±4045 vs. 5828±2262; -dP/dt:. 6626±1717 vs 4728±863 mmHg/s) e no dia 7 (+dP/dt: 7924±2317 vs. 4564±2044; -dP/dt: 6435±1302 vs. 4750±1442 mmHg/s). Houve maior necrose de miócitos no dia 1 no SE (114±5 vs. 208±8) e no não SE (27±3 vs. 42±10) e no dia 3 no SE (82±12 vs. 148±31) e no não SE (21±3 vs. 31±6); maior infiltrado leucocitário no dia 1 no SE (48±5 vs. 84±13) e no não SE (33±4 vs. 40±6), no dia 3 no SE (48±10 vs. 117±13) e no não SE (41±6 vs. 65±8) e no dia 7 no SE (33±5 vs. 50±6) e no não SE (27±6 vs. 38±7); maior fibroplasia no dia 3 no SE (11± 2,6 vs 26±10) e no dia 7 no SE (11±2,3 vs 47±11); maior fibrose no dia 1 no não SE (1,2±0,2 vs. 1,7±0,5), no dia 3 no SE (1,7±0,3 vs. 5,4±0,1) e no não SE (1,4±0,3 vs. 1,8±0,3) e no dia 7 no SE (1,8±0,4 vs. 10,3±2,3) e no não SE (1,7±0,1 vs. 2,8±0,7). O fluxo miocárdico total no dia 7 foi menor, mais intensamente no SE do que no não SE (6.7±1.2 vs. 2.7±1.6 e 7.5±1.3 vs. 4.8±2.6 mL/min/g). Houve maiores níveis de IL-1 no SE e não SE no dia 1 (1050±145 vs. 4225±792 e 1070±138 vs. 4084±359 pg/mg); de TNF- no SE no dia 3 (1415±447 vs. 2037±200 e 1387±279 vs. 1412±301 pg/mg) e IL-6 no SE no dia 7 (3499±397 vs. 4955±429 e 3653±331 vs. 4297±743 pg/mg). No grupo FAC, os animais com PPC <60 mmHg comparados àqueles com PPC >60 mmHg apresentaram maior atividade de MMP-2 no SE e no não SE no dia 1 (69.1±7 e 66.1±7.0 vs. 13.2±4.0 e 11.2±3.4 %), no SE no dia 3 (104.7±39.5 e 22.3±9.0 vs. 26.3±11.3 e 11.5±2.7 %) e no SE do dia 7 (60.5±12.7 e 48.7±4.2 vs. 29.2±8.0 e 6.7±5.8 %). A PPC apresentou correlação direta e significativa com o fluxo do SE (R=0,65), e com o fluxo do não SE (R= 0,62). O fluxo do SE, porém não o do não SE, apresentou correlação direta e significativa tanto com a +dP/dt (R=0,62) quanto com a dP/dt (R=0,67). A PPC apresentou correlação inversa e significativa com a MMP-2 no dia 1 (R=0,86), no dia 3 (R=0,88) e no dia 7 (R=0,93). O remodelamento cardíaco após FAC aguda caracteriza-se por dano isquêmico no SE, resultante da queda da perfusão e implica em disfunção precoce do VE.

ASSUNTO(S)

ateriovenous fistula coronary driving pressure fibrose fibrosis fístula arteriovenosa pressão de perfusão coronariana ratos wistar rats wistar remodelamento ventricular ventricular remodeling

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