A (des)ordem doméstica : disposições, desvios e diálogos

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A pesquisa de Doutorado em Poéticas Visuais, intitulada “A (des)ordem doméstica: Disposições, desvios e diálogos”, do PPGAV/IA/UFRGS, orientada pelo Prof. Dr. Hélio Fervenza desde 2005, partiu da visita a casas de colaboradoras, que registraram a disposição e o display dos objetos de seu lar. Na minha casa, comecei a desenvolver procedimentos táticos de détournement (desvio) das minhas práticas domésticas e artísticas com base em modelos da vida cotidiana – os registros das visitas, os processos domésticos materiais e sociais, sua efemeridade e seus acasos – notando algumas referências na arte: os Tableaux Piéges (Pinturas Armadilhas, 1960-70) de Daniel Spoerri. Gartenskulptur (1968- 96) de Dieter Roth, Gordon Matta-Clark, Kurt Schwitters, bem como a noção de “arte comoa- vida” em Allan Kaprow. Entre 2005 e 2006, emergem procedimentos de desvio (détournement) de processos de uso e da função de objetos domésticos a pa rtir de sua reconstrução, usando como materiais de trabalho as “sobras, que se referem aos objetos inúteis, guardados e acumulados na minha casa. A operação poética, a “to-pó-grafia”, investiga a disposição pelo desvio de um guardanapo de crochê para a função de matrizestêncil coberta com poeira, embaralhando a ordem cultural deste objeto. O gesto doméstico de varrer sofre o desvio através dos “re-enquadramentos”, quando poeira e detritos do chão são transformados em “quadros” pendurados na parede em cima do sofá, problematizando um modelo da arte, bem como um modelo doméstico de disposição e de display. A partir do final de 2006, experimentei com a inserção da documentação fotográfica das visitas em objetos domésticos reais ou reconstruídos. Esse é um dos procedimentos que elabora questões de apresentação pública. Emerge nesta etapa, a proposta de apresentação e display: a domesticação. Essa se refere à operação de “domesticar um espaço não-doméstico”, pela recontextualização. Por exemplo, de uma garagem, uma sala de aula ou galeria, a partir de modelos de disposição observados em casas. A domesticação de uma galeria faz com que a função estética dos objetos e sua função social oscilem, transformando o espaço em meio para fornecer um contexto para diálogo e trocas. Uma das táticas para potencializar tais interações inclui minha presença no espaço de apresentação, em certos dias e horários, para “receber as visitas”, trocar palavras, compartilhar chá com bolachas... visando a instaurar dúvidas sobre a função e a (des)ordem dos objetos ali dispostos e propor outro modelo social para as relações que podem ocorrer dentro de um espaço íntimo público.

ASSUNTO(S)

domestic poeticas visuais reconstruction arte contemporânea diálogo placement models reconstrucao leftovers détournement (detour) domesticação dialogue

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