A criança migrante no contexto escolar: uma análise centrada na afetividade

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O distanciamento da realidade social é uma caraterística que pode ser ainda observada na escola contemporânea, que acredita estar contribuindo para o fim da desigualdade social, por oferecer oportunidade de estudo para todas as crianças, mas acaba não cumprindo o seu papel de inclusão, já que adota uma postura homogeneizante, desconsiderando as diferenças trazidas por seus alunos. À luz da Psicologia Sócio-Histórica, este trabalho tem por objetivo evidenciar o papel da escola no processo de exclusão/inclusão no caso do aluno migrante. Para tanto, buscou-se conhecer a vivência dessa criança no contexto escolar, analisando as relações dessa criança com os outros sujeitos, seu aproveitamento escolar, bem como seus sentidos e afetos relacionados à escola, ao professor, aos colegas e ao processo de migração, dando destaque às formas de preconceito e de discriminação. Para atender a esses objetivos, a coleta de dados foi realizada numa escola pública da cidade de São Paulo, onde foram realizadas 26 observações numa sala de 43série, além de encontros individuais com 9 crianças selecionadas. Também foram obtidas informações por meio de conversas com a professora titular da turma e com uma professora substituta. Os sujeitos da pesquisa constituem-se em 7 alunos identificados como migrantes. As professoras e os outros alunos foram incluídos na discussão por estarem envolvidos na situação pesquisada e relacionados a essas crianças. Na análise desse material, identificam-se 4 núcleos de sentido, que sintetizam os sentidos e afetos das mulheres professoras, as situações de preconceito, o processo de ensino e aprendizagem e a identidade regional das crianças identificadas como migrantes. Nessa análise é dado enfoque, à afetividade, pois é ela que revela com mais clareza como o indivíduo é afetado pelas condições sociais. As reflexões permitem compreender que as crianças consideradas migrantes são incluídas de forma perversa na escola, já que não encontram espaço para se expressarem e desenvolverem suas identidades, além de vivenciarem relações de preconceito e de discriminação que provocam um sofrimento ético-político e limitam sua possibilidade de autonomia no processo de ensino e aprendizagem. Essas crianças são responsabilizadas pela dificuldade escolar, sendo impedidas de desenvolver suas potencialidades. A análise da situação estudada permite ainda concluir que a escola não tem considerado a diferença regional como um fator que diz respeito à educação inclusiva

ASSUNTO(S)

subjetividade process of teaching and learning migrantes -- aspectos psicologicos migrant children afeto (psicologia) affectivity psicologia infantil psicologia social afetividade processo de ensino e aprendizagem aprendizagem criança migrante

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