A cooperação nas relações interorganizacionais sob a perspectiva da incerteza Knightiana e da teoria de valores básicos

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A motivação para esta tese está na crença que pode haver uma dinâmica competitiva dos mercados baseada na cooperação, ao invés da opção exclusiva de competição e rivalidade entre firmas. Esta lógica de funcionamento econômico, que tem como base a teoria dos jogos, amplia o rol das estratégias empresariais. A busca por recursos e competências necessários ao alcance de uma posição competitiva superior, amplia as fronteiras organizacionais, moldando novos formatos baseados em relações externas à empresa. As relações interorganizacionais possuem um papel importante neste contexto, se considerada a interdependência e a reciprocidade como fatores que estimulam a cooperação, definida como a realização de atividades conjuntas e ou coordenadas, com um objetivo comum; no contexto dos negócios, o objetivo comum tem fins semelhantes que passam por uma lucratividade positiva. A presença de cooperação nas relações interorganizacionais, tende a resultar em longevidade da relação, diminuição de ambigüidades sobre os resultados esperados, de mecanismos de controle e governança, conseqüentemente, menores custos de transação, estimulação de um ambiente de aprendizagem, geração de conhecimento e inovações. Cabe, então, ao gestor fazer a leitura e interpretação dos eventos e sinais do ambiente para decidir a alternativa que proporcione os melhores resultados para a empresa e para si. A escolha e decisão do gestor são tomadas no presente com seu desenrolar no futuro, o que torna inevitável certa dose de imprevisibilidade. Esta incerteza presente na função gerencial e empreendedora tem um papel importante na vida das organizações; pois as probabilidades estabelecidas pelo gestor com base no conhecimento adquirido, experiência prévia, inferência e intuição, sem bases concretas mensuráveis, é a causa do lucro. Diante deste panorama, este estudo tem por objetivo identificar, se diante de incerteza, a cooperação é estimulada em relações interorganizacionais. Pois, se o ambiente é incerto e não há clareza da causa do lucro, então, a ampliação do território empresarial contando com relações interorganizacionais cooperativas, podem ser úteis para amenizar a dúvida e ambigüidade de desempenho. Além do conhecimento técnico, experiência e habilidade gerencial, o gestor, tomador de decisão na empresa, é um indivíduo com particularidades e estruturas próprias; assim, os valores, atitudes e comportamentos do gestor também são elementos influenciadores do julgamento, escolha e decisão estratégica, munidos de incerteza, e que é a causa do lucro. Sob a ótica comportamental do gestor que se define um segundo objetivo deste trabalho, que é levantar se a estrutura de valores básicos do gestor influencia a percepção de incerteza e a cooperação nas relações interorganizacionais. A atuação dos gestores é influenciada por um lado, pelos aspectos estratégicos e ambientais; e por outro por suas concepções e maneiras de ver o mundo. A verificação empírica, de tipo descritivo quantitativo, pesquisou 222 gestores brasileiros de setores e portes de empresas variados. Foi encontrado que uma dimensão de incerteza, relativa à resposta e ação do gestor, se relaciona com cooperação; mas é na ambigüidade do desempenho e na extensão do relacionamento que a cooperação é mais estimulada. A variação de uso tecnológico e natureza inovativa das empresas influenciam a relação de incerteza e cooperação, mostrando que o tipo de incerteza percebida pode variar e que a cooperação depende de uma função utilitária percebida. A estrutura dos valores básicos do gestor não possui uma relação linear direta com a percepção de incerteza e predisposição por cooperar; esta relação depende do que está em questão no ato de seu julgamento, prevalecendo uma atuação funcional dos valores, em busca de melhores formas de viver.

ASSUNTO(S)

valores básicos cooperação interorganizacional subjective uncertainty interorganizational cooperation incerteza subjetiva administracao de empresas basic values

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