A construção de um modelo de atenção em saude mental : Estudo da rede publica extra-hospitalar de Campinas (SP)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1998

RESUMO

Esta dissertação tem como objetivo a análise da organização assistencial em saúde mental do município de Campinas (S.P.). O ponto de partida da análise é o delineamento do perfil da clientela atendida na rede assistencial pública do município de Campinas - S.P., especificamente em dezenove unidades básicas de saúde com equipes de saúde mental, que durante o ano de 1995 registraram 4.934 casos. As informações foram obtidas de um banco de dados de morbidade ambulatorial da Secretaria Municipal de Saúde. Observou-se a correspondência do perfil dos usuários com as proposições básicas do modelo assistencial pretendido, explicitadas em documentos oficiais. A clientela atendida era predominantemente do sexo feminino (59.3%), com idade média de 39 (:1:18) anos, residia na região urbana (97.9%) e foi atendida na própria região de moradia (92,5%). Os diagnósticos mais freqüentes foram: Transtornos Neuróticos (37.3%), Transtornos DepressivQs (11.90.10), Esquizofrenia e Transtornos Delirantes (11.8%), Transtornos do Desenvolvimento Psicológico (8.7%), Transtornos decorrentes do Uso de Álcool (6.9%). Os casos se distribuíram em dois grupos principais: o primeiro, maior e com transtornos menos graves e mais prevalentes, os Transtornos Neuróticos; o segundo, de proporções significativas, com diagnósticos de transtornos menos prevalentes porém muito graves, a Esquizofrenia e psicoses relacionadas. A presença dessa dupla clientela indica que os serviços em estudo não têm se concentrado apenas nos casos mais leves e de prevalência maior, em detrimento dos mais gra les, como freqüentemente ocorre em serviços comunitários de saúde mental. Conclui-se que o município de Campinas possui um modelo assistencial em saúde mental peculiar, baseado na presença de profissionais de saúde mental nas unidades básicas e caracterizado pelo fato dos usuários com transtornos mais graves não estarem excluídos dos serviços de atenção primária. Isso possibilitaria, em tese, a atenção integral à saúde e contribuiria para a desospitalização; entretanto, a insuficiência de outros níveis de atenção -equipamentos regionalizados, para atençijo "intensiva na crise e reabilitação psicossocial - limita a ação daqueles que formam a base do sistema. Além disso, a opção por um modelo hierarquizado traz como riscos a burocratização do fluxo dos usuários e a falta de flexibilidade e de sensibilidade às suas demandas. A concretização das potencialidades desse modelo de atenção relaciona-se tanto ao fortalecimento do SUS - garantindo a saúde como direito - quanto a um esforço persistente de interlocução entre os responsáveis pela formulação de políticas e pelo gerenciamento do sistema, os profissionais diretamente envolvidQs na assistência e os usuários

ASSUNTO(S)

serviços de saude mental comunitaria - brasil psiquiatria saude mental

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