A condiÃÃo humana do trabalho

AUTOR(ES)

Eduardo SÃrgio de Almeida

DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Desde os primÃrdios, a condiÃÃo de existÃncia do homem sobre a terra encontra-se ligada ao trabalho incessante. E essa atividade esteve de tal maneira ligada ao viver cotidiano que algumas sociedades menos complexas sequer desenvolveram um vocÃbulo especÃfico para designÃ-la. Os esquimÃs, povo dotado de uma rica linguagem, a ponto de usar mais de vinte termos diferentes para designar neve, nÃo tem uma palavra para indicar âtrabalhoâ. Para eles estar acordado à o mesmo que estar trabalhando. Em sociedades nas quais a divisÃo do trabalho social ocorre com maior intensidade, a ponto de permitir o surgimento de uma classe ociosa de governantes, de guerreiros e de sacerdotes, nÃo sà existem palavras para designar o trabalho, como surgem idÃias sobre ele, nÃo raro considerando-o uma atividade penosa, Ãs vezes degradante, indigna de homens verdadeiramente livres. Na cultura greco-romana, por exemplo, o trabalho era considerado uma atividade vil, e em boa parte executada por escravos. Apenas na Idade Moderna, com o advento da reforma protestante, na sua vertente ascÃtica, e com o desenvolvimento acelerado da industrializaÃÃo, redundando no que se costumou designar de RevoluÃÃo Industrial, à que o trabalho passou a ser valorizado, chegando a transformar-se em um valor em si mesmo, atà que com Marx, adquiriu sentido ontologizante, como criador do ser social do homem. Por causa das grandes transformaÃÃes na organizaÃÃo empresarial, mediante a adoÃÃo de novos mÃtodos administrativos e a substituiÃÃo de trabalhadores por mÃquinas mecÃnicas e eletrÃnicas, apesar do trabalho continuar a ser extremamente valorizado, o mundo do trabalho entro em crise. Tal crise traduz-se no encolhimento da oferta de empregos, na perda de forÃa das organizaÃÃes sindicais, na perda ou a ameaÃa deperda de conquistas antigas da classe trabalhadora, que jà pareciam definitivamente incorporadas aos seus direitos sociais. A crise no mundo do trabalho tem reflexos profundos no Direito do Trabalho, disciplina jurÃdica essa atualmente incapacitada de proteger, adequadamente, os trabalhadores e de deter a rÃpida deterioraÃÃo das condiÃÃes de trabalho e a fragilizaÃÃo das organizaÃÃes sindicais. De igual modo, o Direito do Trabalho nÃo tem tido condiÃÃes de incluir, no seu guarda-chuva protetor, os grandes contingentes de trabalhadores, ocupados em uma enorme gama de novas atividades, aparecidas com a mutaÃÃo das organizaÃÃes empresariais, ou surgidas em decorrÃncia da revoluÃÃo dos computadores e dos meios de comunicaÃÃo. Em face da crise e dos novos reclamos sociais, o Direito do Trabalho està a merecer mudanÃas profundas, a fim de se adequar Ãs novas modalidades da prestaÃÃo de trabalho para terceiros. Algumas dessas mudanÃas envolvem mutaÃÃes na fundamentaÃÃo dessa disciplina jurÃdica a fim de que ela possa abranger toda e qualquer atividade remunerada realizada por conta de terceiros

ASSUNTO(S)

trabalho - crise divisÃo social do trabalho direito transformaÃÃes na organizaÃÃa empresarial

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