A comunidade fitoplanctônica e a restauração do Lago Paranoá, Brasília-DF

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O lago Paranoá situa-se na área urbana de Brasília-DF, e está em processo de restauração. A redução de nutrientes (em 1993) iniciou-se com o tratamento terciário de efluentes e, apesar da eficiência do processo, somente após o flushing (final de 1998) o lago apresentou indicação de oligotrofização, com modificações marcantes nas variáveis físicas, químicas e biológicas da água (como aumento da transparência da água e queda da clorofila-a). Foram realizadas coletas semanais no braço do Riacho Fundo em três fases da restauração, nos períodos climáticos de seca e de chuva: FASE 1 antes do flushing (1997/1998), FASE 2 logo após o flushing (1999/2000), e FASE 3 (2005) seis anos após o procedimento. Para subsidiar a escolha do intervalo semanal, coletaram-se amostras de variáveis ambientais mensalmente em 2005. Foram analisados parâmetros físicos e químicos: transparência da água, pH, condutividade elétrica, temperatura da água, oxigênio dissolvido, fósforo total e três formas de nitrogênio; e parâmetros biológicos relacionados à comunidade fitoplanctônica: clorofila-a, composição, riqueza, densidade de organismos, freqüência de ocorrência, abundância relativa, similaridade e agrupamento de indivíduos. Testes estatísticos mostraram correlações entre os períodos e entre as variáveis. As fases 1 e 2 diferem na maioria dos fatores abióticos e bióticos, exceto nutrientes. Poucos táxons fitoplanctônicos apresentavam elevadas densidades na fase 1 e, na fase 2, foi notória a substituição de Cyanobacteria por diversas algas, com distribuição relativamente homogênea (mais táxons descritores e grupos funcionais coexistindo) e menor densidade total. Entre as fases 2 e 3 há semelhança entre transparência da água, condutividade elétrica e clorofila-a, porém a comunidade fitoplanctônica apresenta distribuição menos homogênea na fase 3, Cyanobacteria em maior proporção e elevação da densidade total de organismos. As fases 1 e 3 são análogas com relação a pH e oxigênio dissolvido, além do reaparecimento da Cyanobacteria Cylindrospermopsis raciborskii (ausente na fase 2) e maior contribuição por Synechocystis aquatilis para o fitoplâncton total, como no início da fase 1. Na fase 1 o fitoplâncton total se correlaciona com oxigênio dissolvido, temperatura, nitrogênio total e nitrato, e na fase 3 com condutividade elétrica e clorofila-a. As análises sugerem que o ambiente está em fase de transição, alguns fatores indicam melhoria na qualidade da água, porém outros podem sugerir vocação do sistema ao retorno às condições anteriores ao flushing (eutrofização).

ASSUNTO(S)

fhoplâncton oligotrofização tropical lago paranoá ecologia restauração

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