A co-pertinência entre Ser e homem no pensamento de Heidegger: em busca da unidade esquecida. / The together-belongingness of Be-ing and man in the philosophy of Heidegger: in search of the hidden unity.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Discute-se nessa dissertação, ao modo de uma reflexão fenomenológica, a co-pertinência (Zusammengehörigkeit) entre Ser e homem. Trata-se de um conceito que aparece explicitamente no pensamento fenomenológico de Martin Heidegger, sobretudo a partir dos anos 30, quando o pensamento heideggeriano interroga o sentido da Verdade segundo a história do Ser, isto é, como Ereignis. A reflexão, entretanto, parte do pressuposto de que a co-pertinência é uma noção presente no pensamento de Heidegger desde o desenvolvimento fundamental-ontológico da questão do Ser, representado principalmente pela obra capital de 1927, Sein und Zeit. Por essa razão, a reflexão principia discutindo a unidade do itinerário de pensamento de Heidegger, mostrando que a viragem (Kehre) dos anos 30 é responsável por uma transformação que instaura a mesma questão do Ser em um âmbito mais originário que aquele de Sein und Zeit. Admitindo desde o início que a co-pertinência traduz a mútua referência entre Ser e o homem, advinda da unidade primordial, em dependência da qual ambos realizam historicamente sua essência, e não uma relação secundária e posterior entre dois pólos subsistentes em si, a discussão prossegue explicitando as estruturas da existência humana, pelas quais a co-pertinência é abordada nos diferentes níveis de elaboração da questão do Ser. Nesse sentido, o esforço central da dissertação se resume em circunscrever a ambiência espaço-temporal da mútua referência. Primeiramente, privilegiam-se as análises do projeto compreensivo-interpretativo da existência humana e da linguagem, conforme Sein und Zeit. Depois, conforme os Beiträge zur Philosophie, a mesma ambiência é circunscrita tendo em vista a fundação do Da-sein como a dimensão intermediária entre homem e Ser, por ser a instância de suportabilidade do acontecimento da Verdade. Ao final, o projetar-se da existência humana se desvela como um lance do Ser, de tal maneira que o movimento de realização da Essência do Ser se mostra como sendo o mesmo da consumação da existência histórica dos homens. Assim, o acontecer da Verdade, pelo qual o Ser se dá como fundamento abissal, conjuga-se com o acontecer histórico da existência humana, conferindo a ela, em virtude da abissalidade de seu fundamento, um movimento unitário de abrir e de velar o mistério do Ser. Sendo essa conjunção a manifestação do espaço e tempo originários, o existir humano aparece como a instauração do espaço-temporal do abismo do Ser, sempre em consonância com uma possibilidade histórica. Desse modo, a co-pertinência aparece como um envio histórico, na forma de uma interpelação que o Ser dirige ao homem, mas que se consuma à medida que o homem responde, ou seja, responsabiliza-se pela destinação de sua existência segundo os apelos do Ser. Assim, o pensamento, compreendido como uma faculdade humana durante toda a história da metafísica, é reconduzido a sua essência: aquilo pelo qual o homem corresponde aos apelos históricos do Ser. Pensar consuma a íntima referência do homem ao Ser e, portanto, é o modo privilegiado de pôr em obra a existência humana em unidade com o Ser. Pelo pensamento, porém, o homem tem se compreendido separado e diante do Ser. Por isso, a reflexão dessa dissertação é um caminho em busca da unidade esquecida entre homem e Ser.

ASSUNTO(S)

acontecimento-apropiador (ereignis) co-pertinência existence space-time enowning (ereignis) together-belongingness pensamento espaço-tempo existência da-sein thought 1. existência 2. espaço e tempo 3. heidegger, martin, 1889-1976 4. filosofia metafisica da-sein

Documentos Relacionados