A clínica da psicose na clínica do caps : reflexões a partir das perspectivas do paciente, de sua família e de profissionais que o atendem num caps de São Luís (MA)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Este estudo teve como principal objetivo discutir o atendimento ao paciente psicótico no CAPS a partir das perspectivas dele, de sua família e dos profissionais que o atendem num serviço de São Luís (MA). Como ramificações desse objetivo, visou-se identificar concepções sobre: o paciente psicótico; a proposta de tratamento do CAPS a esse sujeito; e a contribuição da família para seu atendimento. Participaram do estudo uma paciente, quatro membros de sua família e seis profissionais. Foram utilizados diário de campo e entrevistas individuais. A análise do discurso foi o referencial de análise do material. Observou-se que os familiares tendem tanto a relevar os comportamentos apresentados pelo paciente, por não o considerarem capaz de discernimento, quanto a caracterizar os que indicam afronta ao funcionamento familiar como intencionalmente transgressores sem relação alguma com questões psicopatológicas. Entre a equipe, há os profissionais que consideram o paciente apenas como um doente mental. Para outros, essa caracterização depende do estado no qual ele se encontra. Em crise, há a consideração de que nenhuma intervenção é possível, a não ser a medicamentosa, ou mesmo, a internação. A concepção mais favorável foi da paciente sobre si mesma. Discutiram-se os esforços que desenvolve para se perceber e ser percebida de forma menos limitante. Ela, no entanto, como outros usuários, não tem uma opinião tão favorável em relação às pessoas que ingressam no CAPS com quadro psicótico. Como pacientes e familiares parecem receber poucas informações sobre o diagnóstico, há uma divisão dos usuários conforme a possibilidade de interação manifestada. Observou-se, em geral, uma carente posse de informações sobre o funcionamento do CAPS e suas potencialidades junto ao território. Para os familiares e profissionais, qualquer melhora parece ser percebida como algo espontâneo ou creditada principalmente à medicação. É como se o paciente não sofresse influência significativa das relações que há no CAPS. A contribuição da família no tratamento é limitada pela falta de modalidades a ela direcionadas. Suas idas tendem a se restringir à discussão de assuntos burocráticos ou à de comportamentos destoantes do funcionamento institucional apresentados pelo paciente. Os dados apontam a necessidade de criação de espaços sistemáticos como grupos de familiares e reuniões para avaliação do serviço. Sugerem, ainda, a importância da supervisão clínico-institucional para a equipe. Essas são ações fundamentais para que as concepções e as intervenções tradicionais em relação ao paciente psicótico não se perpetuem na sociedade. Palavras-chave: Psicose, Família, CAPS e Saúde Mental

ASSUNTO(S)

saúde mental psicose psychosis família, caps psicologia family caps mental health

Documentos Relacionados