A cisteína proteinase recombinante de Leishmania (Leishmania) chagasi (rLdccys1): alvo para diagnóstico e imunização protetora de cães em área endêmica de leishmaniose visceral, Teresina/PI. / A recombinant cysteine proteinase from Leishmania (Leishmania) chagasi (rLdccys1): target for diagnosis and protective immunization of dogs in an endemic area of canine visceral leishmaniasis.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/02/2009

RESUMO

Uma cisteína proteinase recombinante, rLdccys1, obtida pela expressão do gene Ldccys1 de Leishmania (Leishmania) chagasi em sistema bacteriano, foi utilizada em ensaios de imunodiagnóstico por ELISA e DTH em cães de uma região endêmica de leishmaniose visceral (LV), Teresina, Piauí. A rLdccys1 também foi utilizada para a imunização de cães e a avaliação da possível proteção dos animais imunizados contra o desafio com a L. (L.) chagasi. Os ensaios por ELISA dos soros de cães com LV mostraram que a sensibilidade para a detecção de anticorpos anti-L. (L.) chagasi utilizando a rLdccys1 e os extratos de promastigotas e amastigotas de L. (L.) chagasi foi de 98%, 86% e 89%, respectivamente. A rLdccys1 não apresentou reatividade cruzada com os soros de cães com doenças comuns nas regiões endêmicas de LV, tais como erliquiose, babesiose e doença de Chagas e a especificidade dos ensaios de ELISA utilizando-se a rLdccys1 e os extratos de amastigotas e promastigotas de L. (L.) chagasi foi de 96%, 69% e 68%, respectivamente. As respostas de DTH foram avaliadas nos cães após a injeção subcutânea da rLdccys1 ou do extrato dos amastigotas de L. (L.) chagasi. Todos os cães assintomáticos apresentaram resposta de DTH positiva à rLdccys1 com a formação de nódulos em torno de 10 mm 48 horas após a injeção do antígeno, enquanto que os cães sintomáticos não apresentaram reatividade significante à rLdccys1 nos ensaios de DTH. As respostas de DTH foram mais intensas quando se utilizou a rLdccys1 comparadas às observadas com o extrato dos parasitas. A análise histológica mostrou áreas de necrose e hemorragia nos nódulos induzidos pelo extrato dos parasitas e reação granulomatosa típica, com predomínio de células mononucleares, nos cortes dos nódulos induzidos pela rLdccys1. A análise dos dados obtidos nos ensaios de ELISA e DTH realizados com a rLdccys1 e os extratos de amastigotas de L. (L.) chagasi mostrou a correlação inversa entre as respostas humoral e celular no desencadeamento da LV canina. As respostas celulares induzidas nos cães pela rLdccys1 foram avaliadas após a imunização dos animais com o antígeno recombinante juntamente com a Propionibacterium acnes. Os linfócitos de sangue periférico dos cães imunizados com a rLdccys1 + P. acnes apresentaram significantes índices de estimulação quando reestimulados in vitro com a rLdccys1 ou o extrato dos amastigotas de L. (L.) chagasi. A dosagem de citocinas nos sobrenadantes dessas culturas mostrou a secreção de níveis significantes de IFN-γ, enquanto IL-10 não foi detectada. Nos experimentos em que cães foram imunizados com a rLdccys1 + P. acnes e desafiados com a injeção intraperitoneal de 1x104 amastigotas isolados de cão infectado com a L. (L.) chagasi 3 de 4 animais sobrevieram dez semanas após o desafio, enquanto que os animais controles que receberam PBS e a P. acnes morreram em no máximo 4 e 6 semanas, respectivamente, após o desafio. Nos cães imunizados com a rLdccys1 o número de amastigotas de L. (L.) chagasi foi significantemente reduzido no baço, fígado e medula óssea comparado ao observado nos controles. A dosagem sérica de IFN-γ nos animais imunizados com a rLdccys1 mostrou a secreção significante dessa linfocina, enquanto que níveis basais de IL-10 foram detectados. Todos os cães imunizados com a rLdccys1 e desafiados pela picada das fêmeas de Lutzomyia longipalpis sobreviveram até dezesseis semanas após o desafio e os animais controles injetados com PBS e P. acnes morreram sete e nove semanas, respectivamente, após o desafio. Os cães controles apresentaram número significante de amastigotas de L. (L.) chagasi no fígado e baço, porém nos animais imunizados com a rLdccys1 nenhum parasita foi observado. No grupo imunizado com a rLdccys1 houve aumento crescente dos níveis séricos de IFN-γ durante a imunização que atingiu um pico uma semana após o desafio, enquanto que e a concentração de IL-10 foi mantida em níveis basais. Os dados do presente trabalho mostraram o potencial da rLdccys1 de L. (L.) chagasi para o diagnóstico e a imunoprofilaxia da LV canina, abrindo perspectivas para a imunização dos cães em larga escala nas regiões endêmicas de LV e a avaliação do impacto da proteção conferida nos animais imunizados na incidência da doença.

ASSUNTO(S)

1. leishmania (l.) chagasi. 2. leishmaniose visceral canina. 3. rldccys1. 4. imunização. 5. reação de hipersensibilidade tardia. 6. elisa. microbiologia 1. leishmania (l.) chagasi. 2. rldccys1. 4. immunization

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