A cartilagem epifisaria e o desenvolvimento dos ossos longos em Rana catesbeiana

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1997

RESUMO

A cartilagem pode ser descrita como um tecido avascular contendo células arredondadas separadas por uma matriz predominantemente basófila. As células da cartilagem, os condrócitos, produzem uma matriz extracelular constituída principalmente de fibrilas de colágeno tipo II e de grandes proteoglicanos agregantes. Em menores quantidades são encontrados outros tipos de colágeno e proteínas não colagênicas. Existem difererltes tipos de cartilagens distintas principalmente, na composição e organização dos componentes da sua matriz extracelular. Durante o desenvolvimento, os ossos longos são precedidos por um modelo cartilaginoso. Deste modelo cartilaginoso inicial, persiste nas extremidades dos ossos um tipo de cartilagem hialina denominada de cartilagem epifisária, que compreende a cartilagem articular e a cartilagem de crescimento. Dos diferentes tipos de cartilagens, a cartilagem de crescimento é talvez a mais dinâmica. Nesta cartilagem ocorrem processos de proliferação, maturação e hipertrofia celular. Estes processos são essenciais para o crescimento longitudinal do osso e formação de osso endocondral. Estas descrições são baseadas principalmente nos aspectos encontrados em aves e mamíferos, que já foram exaustivamente estudados. Pouco se sabe destes processos em anfíbios anuros, sendo que os trabalhos anteriores muitas vezes mostram-se contraditórios no que diz respeito à ossificação endocondral e à calcificação da cartilagem epifisária. Este trabalho teve por objetivos acompanhar o desenvolvimento e o envelhecimento da cartilagem epifisária de Rana catesbeiana, descrevendo os aspectos celulares e da matriz extracelular, com especial referência ao crescimento ósseo e a calcificação da cartilagem. Cartilagens epifisárias da epífise distal do fêmur e proximal da tíbio-fíbula de animais em diferentes fases de desenvolvimento e envelhecimento foram utilizadas e submetidas a testes histoquímicos, citoquímica enzimática e análises ultraestruturais. Os resultados demonstram que o fêmur e a tíbio-fíbula são formados por ossificacão periosteal de um modelo cartilaginoso. Este osso periosteal forma uma estrutura tubular cujas extremidades se encaixam na cartilagem epifisária. Esta cartilagem epifisária possui uma cartilagem articular bem desenvolvida e apresenta projeções laterais que recobrem a face externa do osso periosteal. Entre a cartilagem lateral e o osso periosteal encontra-se o ligamento osteo-condral. Este ligamento osteo-condral contem muita fibras de colágeno do tipo I e é muito vascularizado. Internamente à extremidade do osso periosteal encontra-se a cartilagem de crescimento com as zonas de reserva, proliferação, maturação e hipertrófica. As células da zona de proliferação são achatadas e separam-se no sentido perpendicular ao longo eixo do osso, ao contrário do que acontece nos mamíferos. Os condrócitos hipertróficos mais distais apresentam aspectos de degeneração. Existem trêm sítios distintos de calcificação da cartilagem epifisária. A calcificacão da cartilagem lateral é a mais freqüente e aumenta com o envelhecimento, os outros dois sítios são encontrados na cartilagem de crescimento. Os testes de atividade de fostatase alcalina revelaram intensa atividade desta enzima nos condrócitos próximos às áreas de calcificação e nos osteoblastos dos periósteo. Ossificação endocondral só é encontrada na epífise distal do fêmur de animais velhos, sendo muito reduzida e, aparentemente, associada à presença de canais da cartilagem. É nos animais velhos que aparece também a ossificação endosteal, com a formação de canais de Havers. Células mononucleadas são aparentemente responsáveis pela erosão da matriz da cartilagem hipertrófica não mineralizada e células semelhantes a osteoclastos ou condroclastos erodem a matriz calcificada. Em conjunto, os resultados revelam um tipo especializado de cartilagem epifisária capaz de permitir um crescimento ósseo rápido e de resistir aos impactos impostos às articulações durante os saltos.

ASSUNTO(S)

cartilagem matriz extracelular rã touro

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