A aventura da autogestão: de trabalhador assalariado a trabalhador cooperado: um estudo de caso

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Este estudo tem como objetivo pesquisar um grupo de trabalhadores que passaram de assalariados para autogestores em uma empresa metalúrgica que deixou de ser capitalista para ser autogestionária. Nesse tipo de empresa, os trabalhadores exercem não só atividades rotineiras da produção, mas também devem se envolver com decisões estratégicas relacionadas à alta administração. A pesquisa é do tipo qualitativo, e visa apreender esse processo de mudança, sendo apresentado um estudo de caso desenvolvido junto aos trabalhadores que participaram da construção da experiência autogestionária. A empresa em foco se constituiu a partir de um longo processo de transformações de uma antiga indústria que entrou em crise e chegou à falência. Procuramos identificar, nesse processo, como se configuram aspectos de uma possível nova cultura de trabalho e a possibilidade de constituição dos trabalhadores como novos sujeitos. Inicialmente, destacamos algumas de suas características sóciodemográficas e suas lembranças da empresa original. Em seguida, buscamos captar o que eles sentiram e as práticas que adotaram, primeiramente, desde a eclosão da crise até a decretação da falência da empresa, para em seguida acompanhar o processo de constituição desses sujeitos como possíveis trabalhadores cooperados. Através dos depoimentos, foi possível perceber e analisar as dúvidas, os sofrimentos e as alegrias desse grupo de trabalhadores, que se manteve, por anos, na luta pela preservação de seu emprego, de sua fonte de subsistência e pela construção de uma nova sociabilidade no ambiente de trabalho. Os trabalhadores cooperados mostraram-se satisfeitos com a nova empresa, e manifestaram entusiasmo com as perspectivas da experiência autogestionária. Reconheceram que passaram a trabalhar mais motivados, com a auto-estima elevada, acreditando que os esforços foram recompensados e sentindo orgulho por tudo o que lutaram e conseguiram realizar. Entretanto, assinalaram a permanência de conflitos e desafios externos e internos, o que sugere certo malestar, decorrente das novas relações que devem estabelecer com clientes, bancos e outros empresários e, também, da resistência à mudança por parte de alguns trabalhadores. Para superar tais dificuldades, são organizados programas de treinamento e qualificação, visando propiciar uma melhor inserção da cooperativa no mercado e um maior envolvimento dos cooperados na empresa. Além disso, para atender o aumento da produção, a cooperativa tem necessitado contratar trabalhadores assalariados e os estatutos da cooperativa dificultam a ampliação rápida do quadro de cooperados, o que introduz um elemento novo para a construção da autogestão. Assim, dependendo da forma como esses trabalhadores encaminhem esse processo, poderá ocorrer o fortalecimento da cooperativa ou uma descaracterização da experiência autogestionária

ASSUNTO(S)

autogestão cultura subject sujeito cooperative workers cooperativas culture organização trabalhadores operários e trabalhadores cooperados workers cooperative self-management ciencias sociais aplicadas administração de empresas - participação dos trabalhadores organization

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