A avaliação no ensino superior: concepções múltiplas de estudantes brasileiros

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

08/11/2010

RESUMO

Os objetivos dessa pesquisa foram: (1) analisar as concepções de avaliação dos alunos do Ensino Superior; (2) adaptar e validar o questionário Students Conceptions of Assessment (SCoA) - version VI (BROWN, 2006) para a realidade brasileira; (3) investigar as definições de avaliação dos alunos do Ensino Superior; (4) analisar como as concepções de avaliação predizem as definições de avaliação dos alunos; (5) analisar diferenças nas concepções de avaliação dos alunos pertencentes a uma IES pública e a uma IES privada. Utilizamos como referencial teórico a teoria da aprendizagem autoregulada. Quatro estudos foram realizados usando métodos quantitativos (Escalonamento Multidimensional, Análise Fatorial Exploratória e Confirmatória, Análise de Variância, Modelagem de Equações Estruturais) e qualitativos (análise de conteúdo para investigar as questões abertas do SCoA). Estudantes de 18 cursos de graduação (N= 756; 216 homens e 540 mulheres; idade M = 24.53 anos; DP= 5.91) de duas IES de Minas Gerais participaram no ano de 2008 (amostragem nãoprobabilística): uma Universidade Federal (N= 297) e um Centro Universitário privado (N= 459). As respostas do SCoA brasileiro se ajustaram bem à estrutura fatorial original de oito fatores do questionário (TLI = .95; gamma hat = .92; SRMR = .057). O presente estudo indicou que duas dimensões (formalidade e lócus de controle) e a sua interação poderiam explicar como os estudantes definem a avaliação, resultando em quatro grupos de atividades avaliativas: informal/controle do aluno, informal/controle do professor, formal/controle do aluno, formal/controle do professor. A avaliação foi definida pelos alunos principalmente como métodos formais/convencionais controlados pelo professor do tipo exames e testes. Até mesmo práticas supostamente controladas pelos alunos (autoavaliação, avaliação dos colegas) foram percebidas como práticas controladas pelo professor. Tomando a amostra como um todo, os alunos parecem conceber que a avaliação primeiramente melhora o ensino e a aprendizagem e em segundo lugar torna os alunos e escolas responsáveis. A partir da análise das questões abertas do SCoA, elaboramos as seguintes categorias analíticas: a) O papel da avaliação: percepções dos alunos sobre as funções da avaliação; b) Percepções sobre os efeitos da avaliação; c) Percepções sobre a Educação: concepções implícitas nos discursos analisados. Quanto às relações entre as concepções e as definições de avaliação dos estudantes, a definição de avaliação como práticas formais (controle do aluno e do professor) diminuiu com uma concordância de que a avaliação era uma experiência agradável e algo ruim. Em outras palavras, é como se os estudantes estivessem dizendo: Se a avaliação é formal, eu não necessariamente penso que seja uma experiência agradável para mim. Apesar disso, eu também não considero as avaliações formais como algo ruim. A definição Formal/controle do professor ainda aumenta com uma concordância de que a avaliação era para a melhora do aluno. Assim, poderíamos acrescentar a seguinte parte na fala hipotética dos alunos: Além disso, se a atividade avaliativa é formal e controlada pelo professor, ela me ajuda a melhorar o meu aprendizado, me ajuda nos meus próximos passos de aprendizagem. Merece destaque aqui o fato de que a concepção Melhora só é associada no pensamento dos alunos com a definição de avaliação como uma prática formal e controlada pelo professor. Todos os tipos de definição de avaliação (formais e informais) foram preditos positivamente por um aumento percebido em benefícios da sala de aula. Dessa forma, os alunos parecem perceber que todos os tipos de atividades avaliativas estão associados a benefícios como a motivação dos colegas e o clima da turma. Finalmente, a definição de avaliação como práticas informais controladas pelo professor diminuiu com uma concordância de que a avaliação era algo a ser ignorado. É como se os alunos estivessem dizendo: Se a avaliação é informal e controlada pelo professor, ela é boa para a dinâmica e o clima da sala de aula. Além disso, eu não considero esse tipo de atividade avaliativa como algo a ser ignorado. Quando comparamos as duas IES, os alunos do centro universitário privado acreditam mais que a avaliação melhora o ensino-aprendizagem e torna alunos e escolas responsáveis do que os alunos da universidade pública. Além disso, os alunos da instituição pública acreditam em um maior grau que a avaliação é algo ruim ou injusto. Por fim, os alunos do centro universitário privado percebem uma maior associação da avaliação a benefícios como a motivação dos colegas e o clima da turma. Os alunos da instituição privada também concebem a avaliação como uma experiência mais agradável quando comparados a alunos da instituição pública.

ASSUNTO(S)

educação teses  avaliação educacional   ensino superior

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