A Avaliação do perfil de risco cardiovascular pelo escore de Framingham em uma amostra da população adulta de Mateus Leme (MG)
AUTOR(ES)
Cleiterson Rezende de Sa
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
Objetivo: Descrever as características clínicas dos sujeitos deste estudo, determinar a prevalência dos fatores de risco modificáveis (hipertensão arterial sistêmica, diabetes melito, dislipidemia, obesidade, estresse psicológico, sedentarismo e tabagismo) e estimar o risco cardiovascular, individual e coletivo, em uma amostra da população adulta de Mateus Leme (MG). Métodos e Resultados: Neste estudo transversal foram avaliados 231 participantes entre 45 e 72 anos, 141 (61%) mulheres e 90 (39%) homens, no período de 28 de abril a 17 de outubro de 2007. O protocolo constituiu de entrevista, registros antropométricos, exame físico, exames laboratoriais, raios-x de tórax e ECG. O risco cardiovascular foi estimado pelo Escore de Framingham (EF). As médias de idade ± DP foram de 58,40 ± 7,74 para mulheres e de 58,67 ± 7,67 para homens. A mediana encontrada foi de 4,0 fatores de risco / participante, sendo ainda identificada a presença de DCV ateromatosa (doença cerebrovascular e/ou coronariopatia) em 25 (10,8%) integrantes desse grupo. Seis fatores de risco foram mais prevalentes entre as mulheres: hipertensão (p=0,025), diabetes (p=0,047), dislipidemia (p=0,015), sobrepeso e obesidade (p=0,004), estresse (p=0,004) e sedentarismo (p=0,002). O tabagismo foi mais prevalente entre os homens (p<0,001). O IMC = 25 kg/m2 foi observado em 122 (86,5%) mulheres e em 63 (70%) homens (p = 0,002). De modo concordante, foi encontrada uma proporção de circunferência abdominal aumentada e/ou muito aumentada em 136 (96,5%) mulheres e em 63 (70%) homens (p <0,001). Por outro lado, foram encontradas proporções semelhantes (0,686) para a relação cintura-quadril aumentada entre os grupos feminino (86,5%) e masculino (88,9%). Na estimativa primária (em 10 anos), envolvendo 130 (63%) mulheres e 76 (37%) homens, o risco absoluto total foi de 15,47 ± 9,52% (IC95% 14,16 - 16,77%) para o grupo, 13,59 ± 7,42% (12,31 - 14,88) para as mulheres e 18,87 ± 11,69% (16,00 - 21,34) para os homens (p=0,002). O risco absoluto hard foi de 11,09 ± 8,36% (9,94 - 12,24) para o grupo, 8,89 ± 6,32% (7,80 - 9,99) para as mulheres e 14,84 ± 9,98% (12,56 - 17,12) para os homens (p<0,001). O risco relativo foi de 2,70 ± 1,46 no grupo e semelhante (p=0,559) entre mulheres (2,69 ± 1,55) e homens (2,71 ± 1,32). Foram identificados 66 (32%) participantes de alto risco para prevenção primária, sendo 33 (25,4%) mulheres e 33 (43,4%) homens (p=0,009). Na estimativa secundária (em 2 anos), envolvendo 11 (44%) mulheres e 14 (56%) homens, o risco total foi de 9,44 ± 4,65% (7,52 11,36) para o grupo, sendo de 7,36 ± 4,93% (4,06 - 10,67) para as mulheres e 11,07 ± 3,83% (8,86 13,28) para os homens (p=0,085). Entretanto, evidências consistentes mostram que a função de risco tende a subestimar o risco predito em populações com alta incidência de DCV ou com a taxa de mortalidade CV em ascensão. Existe uma concentração de esforços direcionados para o ajuste das equações preditivas às características da população onde é aplicada. Conclusão: Foram encontradas prevalências elevadas de fatores de Risco modificáveis, predominantemente entre as mulheres, resultando em uma mediana de 4,0 fatores de risco / participante. Neste estudo, a circunferência abdominal foi mais concordante com o IMC no diagnóstico da obesidade. O risco cardiovascular estimado em 10 anos foi de 15,47% para DAC total, 11,09% para eventos maiores (hard) e 2,7 para risco relativo. Foram identificados 66 (32%) participantes de alto risco no grupo da prevenção primária. Entretanto, incluindo os 25 (10,8%) integrantes como DCV ateromatosa conhecida, a categoria de alto risco, que deve ser alvo de uma intervenção criteriosa, foi ampliada para 91 (39,4,%) pessoas. A despeito da possibilidade do risco real ter sido subestimado, a avaliação múltipla do risco CV total foi considerada uma etapa fundamental para a estratificação de risco nos sujeitos do estudo, permitindo a identificação da condição de alto risco. Essas informações valiosas constituem a base para o planejamento racional das metas na intervenção para a redução do risco CV. Porém, os resultados poderiam ter sido mais fidedignos com a equação de risco adaptada para as características da população brasileira.
ASSUNTO(S)
prevenção secundária decs dissertações acadêmicas decs doenças cardiovasculares/prevenção e controle decs doenças cardiovasculares/epidemiologia decs prevenção primária decs fatores de risco decs
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/ECJS-856GGJDocumentos Relacionados
- Avaliação do risco cardiovascular segundo escore de Framingham e obesidade abdominal em indivíduos atendidos por uma clínica escola de nutrição
- Fatores de risco cardiovascular do Escore de Framingham entre hipertensos assistidos por equipes de Saúde da Família
- Perfil de saúde cardiovascular de uma população adulta da região metropolitana de São Paulo
- RECLASSIFICAÇÃO DO RISCO CARDIOVASCULAR ESTIMADO PELO ESCORE DE FRAMINGHAM UTILIZANDO O CONCEITO DOS CRITÉRIOS AGRAVANTES
- Avaliação do risco cardiovascular de pacientes renais crônicos segundo critérios de Framingham