A ausencia paterna e suas repercussões na construção da identidade do adolescente

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

Este trabalho se propõe a avaliar a influência da ausência paterna sobre a estrutura e a dinâmica da personalidade do filho adolescente, sobre sua capacidade de desenvolver íntimas relações objetais e sobre o seu processo de aquisição de identidade, bem como, pesquisar também alguma possível associação entre esta ausência paterna e a violência social. Consideramos estar ocorrendo a ausência paterna tanto quando nossos sujeitos apontam pais que nunca estiveram presentes em suas vidas, bem como, pais que abandonaram suas famílias, ou ainda pais que se alienaram de diversas formas, principalmente através de atividades estereotipadas como masculinas, as quais exercem sozinhos, sem participação da família ou também no caso de pais emocionalmente distantes dos filhos devido ao uso de drogas ou bebidas alcoólicas. Em suma, pais afetivamente distantes, que não tenham proximidade e cuidados com seus filhos, e sejam sentidos por estes como "ausentes". Embora consideremos esta qualidade de ausência psíquica ou emocional, selecionamos, na população estudada, jovens de famílias em que os pais estavam fisicamente ausentes, seja por terem mães solteiras, ou por morte do pai, separação ou abandono da família. Dentre estes sujeitos, buscamos pesquisar a qualidade da ausência, ou melhor dizendo, como ela foi percebida pelos filhos. O sujeito da pesquisa é o adolescente masculino ou feminino, de 11 a 15 anos de idade, que freqüente preferencialmente, a 5a ou 6a série de escola pública. Para alcançar nossos objetivos aplicamos os seguintes instrumentos: a) questionário para pesquisar os dados pessoais e da família dos sujeitos; b) entrevista semi-dirigida e testes projetivos, para a avaliação da estrutura e psicodinâmica das personalidades dos adolescentes, bem como a imagem paterna dos mesmos. Os dados obtidos com o questionário foram avaliados através de metodologia estatística e forneceram um perfil psico-social e dos hábitos dos jovens e de suas famílias. Porém, para conhecer a qualidade da imagem e da ausência paterna dos nossos sujeitos recorremos à análise qualitativa das entrevistas, além da avaliação psicodinâmica dos testes projetivos. A análise dos resultados revela jovens que expressam sofrimento emocional e imaturidade. Conduz também à obtenção de conhecimentos sobre os novos modelos de família mais presentes em nossa sociedade, traçando um perfil do nosso adolescente e de suas dificuldades na formação do sentimento de identidade. Além disso, mostra que os jovens introjetam imagens das figuras parentais freqüentemente distorcidas podendo estar ora idealizadas, ora extremamente distantes ou desvalorizadas, dificultando o processo de identificação tão essencial à formação da personalidade e ao equilíbrio emocional. Este estudo pode assim colaborar no fornecimento de subsídios para trabalhos de cunho preventivo junto à sociedade, junto à nova família e também para os para atendimentos psicoterápicos de adolescentes e suas famílias nos ambulatórios

ASSUNTO(S)

identidade (psicologia) paternidade desenvolvimento da personalidade relações com a familia

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