A associação entre discriminação racial percebida e hipertensão: achados do estudo ELSA-Brasil
AUTOR(ES)
Mendes, Patrícia Miranda, Nobre, Aline Araújo, Griep, Rosane Härter, Guimarães, Joanna Miguez Nery, Juvanhol, Leidjaira Lopes, Barreto, Sandhi Maria, Pereira, Alexandre, Chor, Dóra
FONTE
Cad. Saúde Pública
DATA DE PUBLICAÇÃO
01/03/2018
RESUMO
Pretos e pardos no Brasil e negros nos Estados Unidos têm risco aumentado de desenvolver hipertensão arterial, quando comparados com brancos, mas as causas dessa desigualdade ainda são pouco compreendidas. Fatores psicossociais e contextuais, inclusive discriminação racial, têm sido apontados como condições associadas a essa desigualdade. O estudo teve como objetivo identificar a associação entre discriminação racial percebida e hipertensão. O estudo avaliou 14.012 participantes da linha de base do estudo ELSA-Brasil. A discriminação foi medida com a Lifetime Major Events Scale, adaptada para português. A classificação de raça/cor seguiu as categorias propostas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Hipertensão arterial foi definida de acordo com as diretrizes atuais. A associação entre a variável composta - raça/discriminação racial - e hipertensão foi estimada através de regressão de Poisson com variância robusta, e estratificada pelas categorias de índice de massa corporal (IMC) e gênero. Tendo como categoria de referência as mulheres brancas, no estrato de IMC < 25kg/m2, as mulheres pardas mostraram OR ajustada para hipertensão arterial de 1,98 (IC95%: 1,17-3,36) e 1,3 (IC95%: 1,13-1,65), respectivamente, conforme relatavam ou não a exposição à discriminação racial. Para as mulheres pretas, as ORs foram 1,9 (IC95%: 1,42-2,62) e 1,72 (IC95%: 1,36-2,18), respectivamente, para as mesmas categorias. Entre mulheres com IMC > 25kg/m2 e homens em qualquer categoria de IMC, não foi identificado nenhum efeito de discriminação racial. Apesar das diferenças nas estimativas pontuais da prevalência de hipertensão entre mulheres pardas que relataram (vs. não relataram) discriminação racial, nossos resultados são insuficientes para afirmar que existe uma associação entre discriminação racial percebida e hipertensão.
ASSUNTO(S)
racismo discriminação social hipertensão
Documentos Relacionados
- [ARTIGO RETRATADO] Associação entre doença periodontal e aterosclerose subclínica: estudo ELSA-Brasil
- Fatores associados à hipotensão ortostática em adultos: estudo ELSA-Brasil
- Afericoes e exames clinicos realizados nos participantes do ELSA-Brasil
- Fenótipo da cintura hipertrigliceridêmica e fatores nutricionais: um estudo com participantes do ELSA-Brasil
- Reprodutibilidade e validade relativa do Questionário de Frequência Alimentar do ELSA-Brasil