A arqueologia Guarani : construção e desconstrução da identidade indigena

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

A Arqueologia Brasileira voltada para os povos ceramistas tem prevalecido, desde a implementação do PRONAPA, nos anos 1960,como uma metodologia voltada para o apefeiçoamento do trabalho de campo, fortemente influenciada por teorias advindas dos E.U.A, nas figuras de Betty Meggers e Clifford Evans. Com uma grande atenção voltada para as escavações,a partir daquela data houve um considerável crescimento no número de sítios prospectados e escavados. A enorme quantidade de material arqueológico depositado em acervos passou a ser sistematizada e, a partir de então, surgiram as fases e tradições na Arqueologia Brasileira. Este tratamento metodológico dado ao material arqueológico tem prevalecido até nossos dias e, no decorrer de sua história, tem obedecido a um ideal de neutralidade e objetividade, que veio contribuir para o conturbado cenário político brasileiro. Àquela época, os cientistas julgavam-se desvinculados das questões políticas e, conseqüentemente, da sociedade e seus problemas. Atualmente, inseridos em épocas mais engajadas, os cientistas sociais, e arqueólogos, em particular, não devem negligenciar o seu papel na sociedade e a força de suas disciplinas na construção de discursos sobre o social. É neste contexto de reivindicação de mudanças e busca pela auto-consciência, por parte de alguns segmentos cientÍficos,que se insere este trabalho, procurando fazer uma análise crítica da Arqueologia Brasileira, sobretudo aquela que se ocupa do estudo da cultura guarani. Para tanto, as teorias e conceitos utilizados a-criticamente pelos arqueólogos brasileiros, no tocante à cultura indígena, são analisados e, sua adesão a modelos rígidos (como Tradição Tupiguarani e, posterionnente, subtradições Tupi e Guarani) é debatida, fazendo uma crítica à venente da Arqueologia Brasileira que considera válida a equação uma cultura = uma lingua = uma etnia. Seguindo-se a esta crítica, definições de etnicidade, identidade étnica e grupo étnico são apresentadas, ressaltando algumas das teorias que nortearam as pesquisas de taxonomia humana com o passar do tempo, nas Ciências Humanas, em geral, e na Arqueologia, em específico. A dissenação finaliza defendendo a importância de um exame crítico sobre as fundações teórico-metodológicas da Arqueologia, em escala mundial e local, evidenciando a relevância de uma Arqueologia auto-crítica e o seu papel frente aos povos do presente.

ASSUNTO(S)

arqueologia indios - identidade etnica antropologia indios guarani

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