A apropriação do gênero crítica de cinema no processo de letramento

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Os resultados das avaliações do ensino-aprendizagem de línguas têm provocado questionamentos e discussões sobre as práticas de linguagem (dentro e fora da sala de aula), sobre os objetos de ensino e sobre a formação de professores. No emergir dessas discussões, estabelece-se o gênero (textual/discursivo) como objeto de ensino (PCN - BRASIL, 1998; PCN+ - BRASIL, 2002; PCNEM - BRASIL, 1999, 2006), passando a concebê-lo como instrumento mediador do processo de ensino/aprendizagem. Nessa perspectiva, focam-se tanto as situações de produção/circulação/recepção mais imediatas dos textos, como também as coerções sócio-histórico-ideológicas que perpassam as mais variadas práticas de linguagem consolidadas em nossa sociedade. É principalmente no aflorar desse quadro que residem as justificativas e as motivações para o trabalho em questão, que tem como objeto de pesquisa o gênero crítica de cinema e como construto teórico-metodológico norteador o interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART, 2003, 2006), cujos alicerces são a teoria da enunciação bakhtiniana, o interacionismo social de Vygotsky e a teoria do agir comunicativo de Habermas. Nosso objetivo principal é fazer uma investigação analítico-descritiva das dimensões contextuais e lingüístico-discursivas de adaptações do gênero crítica cinematográfica feitas pelo crítico de cinema Carlos Eduardo Lourenço Jorge e materializadas em textos publicados na Folha de Londrina. O corpus da pesquisa é dividido em dois segmentos: críticas relativas ao circuito nacional (CN) e ao circuito alternativo (CA), uma vez que partimos da hipótese de que, por elas estarem inseridas em contextos diferentes, as representações da situação de produção que servem de base de orientação para a ação discursiva, também são distintas, fato que, certamente, se refletirá na textualização da arquitetura interna dos textos. Hipótese esta confirmada pelos resultados da pesquisa: nas críticas CA observa-se uma valoração mais positiva, um crítico mais complacente; já, nas CN o tom valorativo é, quase sempre, negativo, ressaltando um crítico mais "ferino" em suas avaliações. A análise dos aspectos lingüísticos/discursivos/enunciativos corrobora com análise, trazendo à tona as formas de semiotização utilizadas para a concretização dessa dualidade discursiva, fruto da base de orientação de cada contexto particular. A diferenciação na postura avaliativa se deve, principalmente, ao fato de o autor das críticas ser também o selecionador dos filmes exibidos no circuito alternativo, o que nos leva a crer que tais obras fílmicas já passaram pelo seu crivo avaliativo. O que se espera com a pesquisa em pauta é elaborar um modelo de análise que sirva de instrumento mediador para o trabalho do professor de língua portuguesa no que diz respeito, sobretudo, ao ensino/aprendizagem do gênero crítica de cinema, mas também como parâmetro norteador para uma abordagem interacionista da linguagem.

ASSUNTO(S)

interacionismo sócio-discursivo língua portuguesa - estudo e ensino gêneros textuais portuguese language - study and teaching text genres socio-discursive interactionism

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