VARIAÇÃO FLORÍSTICA E DIVERSIDADE DE ZINGIBERALES EM FLORESTAS DA AMAZÔNIA CENTRAL E SETENTRIONAL.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O estudo sobre os padrões de diversidade em plantas e seus determinantes avançou bastante nos últimos anos, mas respostas completas para questões como qual a verdadeira relação entre riqueza e produtividade ou quais os principais determinantes da estrutura composicional ainda permanecem controversos. A curva em forma de corcova (hump-shaped) obtida na relação entre riqueza e produtividade tem sido um dos padrões mais freqüentemente observados em comunidades de plantas, porém com menor freqüência na Amazônia. Relações lineares ou falta de relação entre riqueza e produtividade podem ser resultado de amostras distribuídas por apenas parte do gradiente de produtividade. Variáveis climáticas, edáficas e espaciais têm sido indicadas como importantes preditores de variação de composição florística em escala regional, mas com baixo poder de explicação. A baixa capacidade de predição da maior parte dos modelos pode ter pelo menos 3 causas: 1) erros na amostragem, que fazem com que a comunidade seja apenas uma fração da comunidade real; 2) erros na escolha dos preditores, que podem não incluir todas as variáveis de fato moldam a comunidade e 3) erros na análise, que pode assumir modelos incompatíveis com as estruturas biológicas que se quer modelar. Neste trabalho eu tive como objetivos 1) entender como a densidade de espécies e a variação da composição florística de Zingiberales estão relacionadas com fatores espaciais e características do solo e clima, em florestas de terra firme na Amazônia central e setentrional e 2) avaliar se a aplicação do método ISOMAP melhora o desempenho dos modelos de previsão da variação florística. Dados de composição de espécies de plantas da ordem Zingiberales, clima (medido pelo índice de Walsh), fertilidade e textura do solo foram obtidos em 175 parcelas de 250 x 2 m distribuídas em 7 sítios de florestas, cobrindo 800 km ao longo de um eixo norte-sul. Foram utilizadas regressões múltiplas lineares, ISOMAP, regressão múltipla de matrizes de distância e árvore de regressão multivariada para analisar os efeitos das variáveis espaciais e ambientais. Na maior escala (sítios), a densidade de espécies de Zingiberales foi afetada pelo clima, controlando-se a variação da fertilidade do solo de cada sítio. Na escala de parcelas, apenas a fertilidade afetou negativamente a variação da densidade de espécies. O desempenho dos modelos de predição da variação florística com a matriz de dissimilaridade transformada pelo método ISOMAP foi superior aos modelos com a matriz de Sorensen, explicando quase 50% a mais de variação. A distância geográfica foi o preditor mais importante na explicação da variação das distâncias florísticas (54%), seguido pelas diferenças de fertilidade do solo (8,4%) e clima (6,9%). Como as distâncias climática e geográfica estão altamente correlacionadas neste grupo de dados, é difícil determinar a real causa do padrão florístico. A textura do solo não foi um preditor significativo em nenhum dos modelos, ao contrário do observado em estudos na escala média, o que deve refletir as diferentes relações entre drenagem do solo e topografia nas diferentes regiões analisadas. Uma análise mais detalhada mostrou que a fertilidade determina a formação de grupos florísticos apenas na região de clima úmido, indicando uma interação entre fertilidade do solo e clima. Conclusões: (1) clima e fertilidade do solo podem ser utilizados em modelos preditivos de variação florística espacial na Amazônia brasileira, mas deve-se buscar modelos que reflitam as interações entre estas variáveis; (2) outras formas de medir variáveis ambientais importantes para as plantas, como a drenagem dos solos, devem ser elaboradas para inclusão em novos modelos (3) futuras áreas de estudo devem ser escolhidas com o objetivo de diminuir a alta correlação entre distância climática e geográfica entre os sítios.

ASSUNTO(S)

gradiente climático. ecologia zingiberales composição florística amazônia central diversidade beta

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