Variação e mudança do imperativo no português brasileiro : gênero e identidade

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta tese consiste na análise da variação e da mudança no uso do imperativo gramatical no português brasileiro sob a perspectiva teórico-metodológica da Sociolinguística Variacionista. O objetivo é investigar o papel dos fatores linguísticos e não-linguísticos no uso variável do imperativo, ampliando o entendimento do fenômeno. A amostra principal de nossa análise é formada por um grupo de homens e mulheres nativos de Fortaleza que moram no Distrito Federal. A análise das variáveis linguísticas revela a importância de fatores como a polaridade afirmativa e negativa das estruturas imperativas bem como o papel do paralelismo discursivo no processo de variação linguística. Além disso, traz elementos que contribuem para a discussão sobre a relação da alternância indicativo/subjuntivo no uso do imperativo no contexto discursivo dos pronomes tu ou você. Quanto à análise dos fatores não-linguísticos, destacamos a atuação vigorosa das variáveis gênero e identidade dos falantes no processo de variação e mudança na fala de pessoas que saem de Fortaleza região onde predominam formas como leve, pegue, venha para uma região onde predominam formas como leva, pega, vem. A amostra investigada revela diferenças significativas entre homens e mulheres no uso do imperativo. A análise estatística constata que a frequência média de uso do imperativo na forma indicativa pelas mulheres é de 74%, enquanto a frequência de uso dessas formas no grupo dos homens é 31%. Busca-se compreender esses resultados por meio da investigação dos traços identitários dos falantes. Considerando o corpus investigado, os resultados estatísticos comprovam que os falantes que mantêm mais proximidade com Brasília tendem a favorecer o uso do imperativo associado ao indicativo; por outro lado, os falantes que mantêm menos proximidade com a cidade tendem a desfavorecer o uso dessa forma. A reflexão final acerca das análises apresentadas na tese é feita à luz das ideias de Eckert (2005) que faz uma análise dos estudos variacionistas nos últimos 40 anos, buscando classificá-los em três grandes ondas, nas quais buscamos elementos que situam nosso trabalho.

ASSUNTO(S)

dialetos língua portuguesa sociolingüística linguistica

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